A Resistência Francesa, Churchill e a nossa conjuntura, por Sérgio Batalha


O fascismo faz surgir o pior e o melhor do ser humano. Por um lado congrega os piores sentimentos como o ressentimento e o ódio na busca por uma supremacia. Por outro, faz surgir a coragem e a solidariedade no enfrentamento deste exército das trevas.


No início da Segunda Guerra Mundial, Churchill era um político fracassado e visto como um bêbado excêntrico. Tinha fracassado como militar na Primeira Guerra e não tinha a simpatia da Realeza.


No entanto, Churchill percebeu que a Inglaterra não poderia capitular diante do nazismo, que isto seria o fim da sua nação. Quando a política do apaziguamento com Hitler fracassou, ele foi um dos poucos a exigir que a Inglaterra declarasse guerra à Alemanha Nazista.


Tornou-se um improvável Primeiro-ministro e entrou para a história pela tenacidade com que resistiu aos nazismo. Embora fosse notoriamente um conservador, um político de direita, não hesitou em se aliar aos comunistas da União Soviética para enfrentar Hitler, enviando-lhes armas e suprimentos.


A Resistência Francesa foi igualmente um movimento que uniu comunistas e militares de direita no enfrentamento ao nazismo na França. Após um início hesitante, franceses das mais diferentes origens, inclusive estrangeiros, se uniram na defesa da liberdade.


No Brasil de hoje temos a ameaça real do fascismo de Bolsonaro. As manifestações do Sete de Setembro deixaram ainda mais evidente um projeto de golpe militar para acabar com a nossa Democracia e o Estado de Direito. Há um genocida querendo destruir tudo aquilo que os brasileiros construíram em décadas de desenvolvimento.


Neste momento, precisamos da atitude de Churchill diante do nazismo. Tenacidade contra o inimigo e tolerância com os aliados para construir uma grande aliança pela Democracia.


Não é hora de pensar na eleição de 2022, muito menos de fazer reflexões “táticas” sobre os “benefícios” da manutenção de Bolsonaro. Não interessa se Mourão pode virar um candidato viável ou se esta aliança vai melhorar as chances de um candidato da direita não bolsonarista.


A derrubada deste governo de extrema-direita com um projeto de ditadura anti povo tem de ser a prioridade de todos os democratas neste momento. Não se negocia com o fascismo, nem se ganha eleições em uma ditadura. O momento histórico exige a grandeza dos heróis do passado no enfrentamento do nazifascismo.

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Sérgio Batalha é advogado, professor universitário, especialista em relações de trabalho, além de conselheiro e presidente da Comissão da Justiça do Trabalho da OAB-RJ.

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