Bolsonaro veio com tudo….E saiu mais fraco! Por Sérgio Batalha


As manifestações de hoje foram uma aposta pesada do bolsonarismo. Houve caravanas saindo de cidades do interior, financiadas por uma rede de empresários bolsonaristas. Estes empresários alugaram caminhões, ônibus e pagaram também muitos “manifestantes” para comparecerem. 


Logo, não há surpresa na presença de 125 mil pessoas na Paulista, algumas dezenas de milhares em Copacabana e outras em Brasília. O efeito visual foi razoável e vai alimentar as redes bolsonaristas com a ideia de um maciço apoio popular ao presidente.


A estratégia de Bolsonaro é a de manter mobilizada e energizada uma pequena mas sólida base de apoio, por meio de um discurso extremista que flerta com a ideia de uma ruptura institucional. 


Este discurso aumenta sua rejeição na maior parte do eleitorado, especialmente diante da paralisia do governo diante de uma grave crise econômica e social. Mas o bolsonarismo claramente não aposta mais em uma vitória nas urnas em 2022.


No entanto, as manifestações de hoje ficaram marcadas não pelo que ocorreu, mas exatamente pelo que deixou de acontecer.


Foi anunciada uma massiva presença de militares e policiais, que se juntariam aos fanáticos de sempre para invadir o STF e o Congresso, exigindo o impeachment de Alexandre de Moraes. Muitos temiam alguma espécie de levante de policiais, que pudesse provocar, de fato, uma ruptura institucional.


Também se temia que Bolsonaro abandonasse de vez qualquer prurido republicano e insuflasse atos violentos, como vinha insinuando que ocorreria.


Ao final do dia, para quem esperava algo realmente impactante, a sensação era de anticlímax, inclusive para os bolsonaristas. Os policiais e militares não apareceram, nem houve qualquer ação violenta contra o STF ou contra o Congresso. O próprio discurso de Bolsonaro não trouxe nenhuma novidade, foram as mesmas ameaças veladas de sempre.


Agora é o momento da reação dos democratas. Devemos avançar na direção do impeachment, aumentando a pressão das ruas e exigindo que o STF encurrale ainda mais os fascistas que ameaçam nossa democracia. Fora Bolsonaro!

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Sérgio Batalha é advogado, professor universitário, especialista em relações de trabalho, além de conselheiro e presidente da Comissão da Justiça do Trabalho da OAB-RJ.

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