Impressões ao calor da hora: MBL e "terceira via" fracassam nas ruas, por Daniel Samam


Como diz a turma mais jovem, o movimento do MBL junto com a tal "terceira via" flopou. O “nem Bolsonaro, nem Lula” pode até ser desejo de uma pequena parte do eleitorado brasileiro, como revelam as pesquisas. Agora, os que tentaram fazer do “nem, nem” um movimento que impulsionasse nas ruas a terceira via, se deram mal.


Aliás, é bom que se diga que o "nem Lula, nem Bolsonaro" é legítimo. O problema reside na tese criminosa do "bolsopetismo", da jornalista Malu Gaspar e que encontra coro nos também jornalistas Vera Magalhães e Merval Pereira, todos do jornal O Globo, bem como no Estadão, em setores da Banca e na dita terceira via. Dizer que Lula é igual a Bolsonaro não é apenas uma mentira, mas sobretudo um salvo conduto para Bolsonaro, normalizando suas atrocidades e seus ataques à democracia.


Hoje o MBL não dispõe de capital político desde a ascensão de Bolsonaro ao poder. O bolsonarismo incorporou suas bandeiras. E quais são essas bandeiras? No geral, a pauta anticorrupção, a agenda neoliberal e uma noção difusa de antipetismo, mas que abrange as esquerdas em geral. Hoje ficou claro que o MBL não é um movimento de massa. O bolsonarismo é.


A frente ampla é a mais eficaz e possível para derrotar o bolsonarismo que tentou dar um golpe no último dia 7. Aliás, tentou e tentará novamente.


Daí, não existe movimento unitário sem respeito às bandeiras, trajetórias e programas de cada movimento social, entidade e organização partidária. Unidade se faz com agenda mínima. E agenda mínima se constrói em conjunto, em debate, superando os dissensos e construindo consensos.


Por isso, é importante dizer que o #ForaBolsonaro não fala apenas de retirar do poder a persona que encarna o bolsonarismo, o fascismo à brasileira, mas do conjunto de valores que organizam seu movimento e que o sustentam no poder.

Um comentário:

  1. Estava dado que não teria a adesão que se pensava, pois mais uma vez não souberam construir, não souberam buscar a unidade na pauta que é a manutenção da democracia, o reposicionamento da política social no mais amplo sentido e a construção da derrota do bolsonarismo.

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