Bolsonaro quer o fim das Universidades Públicas: É a educação como negócio, para quem tem dinheiro para pagar, por Cristiano Lima

Não é de hoje que as Universidades públicas vêm sofrendo um ataque sistematizado com intuito de sua deterioração. Não é só no contingenciamento de verba orçamentária a única forma de promover a míngua do ensino público superior, os ataques deram seu início através de discursos, vídeos e fotografias, divulgados amplamente em redes de extrema direita e compartilhadas através de grupos de whatsapp.

O conteúdo, muitas vezes, de cunho pornográfico, com acusações infundadas, procurava atacar a legitimidade e a moral das Universidades públicas, nomeadas por estes disseminadores de ódio e da mentira, como antros de perversão e local de consumo e comércio de entorpecentes. Sem perder tempo, colocavam a culpa nos professores e alunos veteranos, os quais são chamados de esquerdistas, uma forma, também, de criminalizar a esquerda e as forças progressistas.

Esta avalanche de mentiras teve seu início no pós golpe, de 2016, tomou força com a emenda constitucional 95, foi inflada em 2018 na campanha presidencial de Jair Bolsonaro, através de vídeos, que até hoje são encontrados no youtube, e ganhou forma a partir de 2019 com a posse de Bolsonaro, o negacionista.

Seu alvo inicial, como de sempre, era a opinião pública, as massas, em particular os grupos neopentecostais, que ao receber um conteúdo recheado de imagens de teor despudorado, lascivo, dissoluto e toda sorte de sinônimos que atentam contra a honra dos que se intitulam respeitáveis. Estes, então, se colocavam na condição moral de “apertar o dedo” no compartilhamento, inundando de mensagens seus grupos de famílias e amigos, alertando sobre o “perigo” das Universidades públicas.

Na direção disso tudo, vem o governo federal, através de Jair Bolsonaro que, em vez de proteger e promover a Universidade pública, opta pela degradação das mesmas. Já em dezembro de 2019, Jair Bolsonaro durante um evento no Tocantins, afirmou que estudante da Universidade pública faz “tudo”, menos estudar. Será que esse “tudo” não teria a intenção de se referir às desqualificações apontadas nos vídeos e imagens divulgados nas redes extremistas?

A primeira vista, em um olhar direto, pode-se tentar entender estes ataques, como uma forma de garantir as cadeiras universitárias públicas à elite, dificultando o acesso das classes mais empobrecidas, através de uma manipulação baseada em mentiras.

Em 2021, Bolsonaro corta o orçamento destinado à UFRJ, deixando a Universidade sob a ameaça de fechamento.

Esta trajetória de ataques nos apresenta que o corte na verba orçamentária da UFRJ, que diga-se de passagem, não é a única Universidade pública que vem sofrendo com o corte de verbas, não é um caso isolado, mas um ataque projetado, em processo, e que não tem o objetivo de exclusão das classes mais empobrecidas das cadeiras de cursos públicos de nível superior, mas o fim das universidades públicas.

É a educação como negócio, para quem tem dinheiro para pagar. Diante desse teatro dos horrores, em plateia, na expectativa, estão os urubus do ensino privado, aguardando sedentos e famintos por este banquete neoliberal.

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Cristiano Lima é Educador, graduando em Geografia pela UERJ/CEDERJ e Escritor.

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