Panelaço: Atenção redobrada, por Cristiano Lima

O panelaço do dia 18 de março de 2020 realmente fez barulho. Pode ser o primeiro passo para a derrota de Bolsonaro e o fim do seu regime fascista. Porém, não devemos encarar esta movimentação do panelaço como um sinal verde para o retorno do PT ou da esquerda, pensar dessa forma seria ignorar alguns fatos relevantes que empobreceram  nosso cenário político nos últimos anos: A propagação em massa de fake news, a criminalização da esquerda e em particular do PT.

Não devemos cantar vitória!

Apesar desse panelaço não ter a mesma roupagem daquele que foi orquestrado pela classe dominante no golpe de 2016, onde houve uma intensa manipulação promovida pelos meios de comunicação, a produção de fake news, denúncias sem provas, enfim, uma verdadeira conspiração armada para invalidar o desejo do povo brasileiro, que culminou na usurpação da presidência do Brasil de uma mulher que tem no seu currículo uma história de lutas pela democracia e a liberdade, nossa ex-presidenta eleita pelo voto Dilma Rousseff.  

Podemos sim comemorar, mas sem deixar de estar atentos aos desdobramentos que podem ocorrer daqui por diante, porém festejar uma vitória do PT ou da esquerda seria muito prematuro ou até mesmo ingênuo.

Afirmo em dizer que demorou, para a classe média, os mesmos que em 2016 amassaram o fundo de suas panelas e seguiram um pato gigante emboçar alguma reação contra Bolsonaro.

Seu “governo”, como já citei em outras oportunidades, destoa do comportamento clássico neoliberal, e assusta até mesmo os neoliberais ferrenhos. Bolsonaro vem deixando todos à deriva, perdidos. Seu barco já afundou e aqueles que apostaram suas fichas em função do egoísmo ou de uma irracionalidade política já perceberam o erro, porém continuam a olhar para o mesmo lado, talvez agora não com tanto extremismo à direita.

A possível saída de Bolsonaro pode alimentar um provável retorno da direita, que por sua vez em nada é contrária ao plano de reformas e entreguismo de Paulo Guedes. Ainda teremos um imenso caminho a percorrer e muito a defender, precisamos derrotar o fascismo, sem deixar de combater o neoliberalismo.

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Cristiano Lima é Educador, graduando em Geografia pela UERJ/CEDERJ e Escritor.