Bolsonaro dobra a aposta, por Daniel Samam


O xadrez jogado por Bolsonaro parece ser o seguinte: se o coronavírus avançar como algumas projeções apontam, uma massa de brasileiras e brasileiros estará abandonada à própria sorte. E desespero. Ele dirá que de nada adiantou confinamento social, fazendo parar a atividade econômica nacional.

Agora, se as medidas adotadas pelos governadores, Congresso e autoridades da saúde funcionarem, a retórica do presidente do “era só uma gripezinha” volta com tudo. Ou seja, independente do que acontecer, ele tem a narrativa.

Por isso dobrou a aposta no pronunciamento, aumentando seu isolamento. Mas, quanto menor ele fica, mais perigoso. Ao que parece, fez tudo isso alinhado com Trump, dando a entender que há um movimento coordenado com o chefe do Norte.

O presidente da república estimula uma revolta contra a quarentena não dando dinheiro aos pobres e trabalhadores informais que, em desespero, não tem alternativa a não ser voltar ao trabalho, causando conflito com o setores médios da sociedade que defendem o confinamento social como medida para conter o avanço do coronavírus.

Tratar Bolsonaro como idiota é um erro. Trata-se de um déspota.

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