Impressões ao calor da hora: Bolsonaro segue radicalizando, por Daniel Samam


Os principais institutos de pesquisa do país apontam um grau elevado de insatisfação com o governo Bolsonaro e ampla discordância com as decisões do mesmo em temas relacionados à direitos sociais, ao meio ambiente, além de normas, como o desmonte da Funai, da ICMBio, da flexibilização dos agrotóxicos pela Agência Nacional de Saúde (ANS), a extinção da ANCINE, as mudanças no código nacional de trânsito, a liberação de posse e porte de armas para a população e de permitir a distribuição de gás em botijão semi-cheio e sem menção à distribuidora.

Soma-se jornalistas ameaçados, lideranças populares presas sem julgamento, professores interrogados pela PF previamente à visita de Bolsonaro à Manaus (AM); INPE e IBGE desautorizados, universidades públicas perdendo autonomia; sem contar nas ameaças de Moro destruir os áudios revelados na #VazaJato e a de Bolsonaro ao afirmar que o jornalista Glenn Greenwald “talvez pegue uma cana aqui no Brasil”.

Quantos absurdos e impropérios deste governo, seja em mera retórica discursiva ou em atos e decretos, vamos relativizar e naturalizar? A cada dia, com posturas autoritárias, atropelos das instituições e das normas, Bolsonaro reafirma um projeto de poder totalizante. E não se vislumbra nenhuma reação democrática, pelo menos por ora. As instituições estão encurraladas e/ou tuteladas. O establishment político, acuado e aprisionado numa agenda econômica regressiva.

Tal discordância de maioria do conjunto da sociedade civil frente às posições e ações do governo revelada nas pesquisas só certifica que Bolsonaro governa apenas para o seus, de forma autoritária, sustentado por uma agenda e coalizão ideológica e programática internacional de caráter fascista.

Basta ver Trump nos EUA, Johnson no Reino Unido, Matteo Salvini na Itália, Duterte nas Filipinas, Viktor Orbán na Hungria, e Bolsonaro aqui no Brasil. Das 10 maiores economias do planeta, 3 estão sob comando da extrema-direita (EUA, Reino Unido e Brasil). Por isso, não podemos fazer as análises descolados da conjuntura internacional. O Brasil é peça importante e estratégica da engrenagem fascista que avança mundo afora.

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