Impressões ao calor da hora: As vaias na ABI são sintomas do esquerdismo, a doença infantil, por Daniel Samam


Não pude ir ao ato na ABI, mas foi triste saber por relatos e ver nos vídeos que o que era pra ser um potente ato com a capacidade de dar a linha para a conformação de uma frente ampla do establishment político, das instituições e das organizações da sociedade civil - como a ABI, a OAB e outras tantas - ver militante vaiando os vídeos de apoio ao Glenn Greenwald enviados pelo Reinaldo Azevedo e pelo presidente da Câmara dos Deputados, deputado Rodrigo Maia.

No entanto, o que mais me preocupa é que parece que setores da militância preferem se autoafirmar e demarcar posição do que derrotar o Jair Messias Bolsonaro. Pra essa turma, este inferno de polarização, de gato x cachorro, de briga de surdos, é o cenário ideal para o esporte predileto dessa turma, a "lacração". Enquanto isso, o povo que se lasque.

Este é o reflexo da doença infantil que é o esquerdismo. Uma praga. Se a vaia fosse coerente, a senhora Luciana Genro, lavajatista de primeira linha, também deveria ser alvo das vaias pelos posicionamentos ao longo dos últimos anos. Mas, não. Bonito mesmo é vaiar a "direita golpista". É implodir pontes.

O mesmo vale para o debate sobre ser certo ou errado uma campanha pelo impeachment de Bolsonaro. É preciso clareza de que o Brasil tem um embuste ocupando e depreciando o cargo de presidente da república, que tensiona os limites da institucionalidade e da democracia, radicalizando sua base de sustentação.

Logo, não existe a menor possibilidade de se tratar o atual momento como normal. Bolsonaro aposta na desestabilização como caminho para o autoritarismo. O que está em jogo é civilização x barbárie.

Os partidos, movimentos sociais, dirigentes e militantes tem de assumir a responsabilidade histórica e ter maturidade política para encarar os desafios de um dos momentos mais tensos e delicados de nossa história.

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