Impressões das manifestações pró-Bolsonaro deste domingo (26), por Daniel Samam

Publicado em meu perfil no Facebook.


Sobre os atos deste domingo (26), acho que deu o cenário que escrevi ontem na minha coluna no 247, do copo meio cheio, meio vazio: nem bombásticas, nem um completo fiasco. O lado de lá, que colocou muita expectativa, mobilização e grana, o balanço tende a ser negativo.

Para os que acharam que ia ser um completo fiasco, também se enganaram - havendo quem comemorasse o esvaziamento das manifestações de hoje em relação as do último dia 15, contra os cortes na Educação. Embora compreenda, não vejo motivos para comemorar, pois só o fato de atos de caráter abertamente neofascista como estes terem acontecido, cheios ou não, é motivo de preocupação. Destaque também para o forte apelo à figura de Sérgio Moro. Em Brasília, por exemplo, um boneco inflável gigante com o ex-juiz vestido de super herói.

O movimento teve baixa capilaridade Brasil afora, é verdade, sendo mais forte no eixo Rio-São Paulo, onde houve mais estrutura e indicando que o movimento está mais ideológico e doutrinário. Logo, o bolsonarismo tende a ficar menor e mais despótico, numa espécie de bonapartismo dos trópicos.

Na política, Bolsonaro mostrou força diante da direita tradicional, indicando que pode liderar sozinho o campo, sem MBL, Vem Pra Rua e outros. Além de ganhar força pra aprofundar a narrativa de que é a classe política que trava o País.

Está claro que o alvo de Bolsonaro é o "centrão", que sente na pele o poder destrutivo do discurso de negação e criminalização da politica utilizado pra derrotar o PT nas eleições de 2018. O PT, no entanto, não foi destruído. E com o "centrão", como será? Meu palpite é que o "centrão" pode até não ir para o confronto, mas a relação com o governo azedou de vez.

A ver.

Nenhum comentário: