Impressões acerca das reações ao desfecho da série Game of Thrones, por Daniel Samam


Impressiona o "mimimi" em torno do espetacular episódio final de Game of Thrones. De ontem pra hoje, li das teses mais estapafúrdias pelas redes sociais. De que os Imaculados teriam legitimidade para quebrar a roda, impondo uma ditadura de guerreiros assexuados (?!?!); até acusações de que o Jon Snow teria cometido feminicídio ao matar Danaerys (?!?!). Das duas, uma: ou a galera não entendeu a série, ou se orientam por referências morais pra lá de difusas.

Acho complicado buscar heróis em Game of Thrones. Digo isso porque todos os personagens têm histórias que não cabem no binarismo de bom ou mau. Quem mais se aproxima de um herói padrão é o Jon Snow, que tem um final muito bacana, junto ao “povo livre”.

Também me impressiona e preocupa como as pessoas romantizam e flertam com líderes autoritários. Defender Daenerys Targaryen, que desde a primeira temporada matou pessoas com requintes de crueldade em função de quebra de lealdade pessoal, que sempre batalhou exclusivamente por poder pessoal, por luz própria, é complicado pra caramba. Aliás, o dragão é um forte símbolo aristocrático. No mais, a personagem Daenerys exemplifica de forma didática como o poder corrompe.

Agora, convenhamos. Tyrion Lannister, o anão, com todas as suas contradições e ambiguidades, sempre quis o bem comum. Um legítimo estadista.

Nenhum comentário: