A elite branca traiu o pacto democrático revelando saudade pela escravidão, por Ariovaldo Ramos

Publicado no Nocaute.

Neste mês de abril de 2018, nos lembramos da morte do pastor Martin Luther King Júnior, também, neste mês, prenderam o cidadão Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República Federativa do Brasil, prenderam-no sem comprovar sua culpa e negaram-lhe o instrumento do habeas corpus, desprezando o princípio da presunção da inocência e, mais, fazendo tabula rasa da Constituição que forma a República Federativa do Brasil, que proíbe o aprisionamento antes do trânsito em julgado.

O Supremo Tribunal Federal, guardião da Constituição, o fez sem, aparentemente, levar em conta que anular o estabelecido na Constituição é o mesmo que desmontar a República e a nação, como foram definidas.

Dizem, comentaristas, que foi consequência da fala de militares que, insubordinados, e desonrando seu papel constitucional, de forma irresponsável ameaçaram a estabilidade da nação.

De onde vem tudo isso? Do golpe de Estado que sofremos quando, o mesmo STF se calou diante da deposição da Presidenta da República sem comprovação de crime.

Por que tudo isso? Porque a elite branca, que lucrou muito com o Governo trabalhista, traiu o acordo que, por definição os trabalhistas celebram entre o capital e o trabalho locais, a partir da crença, que sustenta o seu ideário, de que há muito mais interesses comuns entre ambos, do que nos respectivos “ísmos”: capitalismo e comunismo.

Bem, a elite branca traiu o acordo e se desfez da democracia revelando, assim, sua indisfarçável saudade da escravidão. Esta elite, parece, se revoltou ao ver milhões de pobres, majoritariamente, negros, saindo da miséria; de ver o salário mínimo crescendo em poder de compra, permitindo que pobres começassem a sonhar. Apesar dessa política ter criado um mercado interno que lhes deu muito lucro, e tranquilidade diante da crise do capitalismo internacional, inclusive, dando-lhes as condições de criar suas multinacionais em plena crise, aproveitando-se do mercado internacional que se tornou vendedor.

Mesmo assim, deram o golpe, usando a Mídia para manipular a informação. E se uniram a bandidos, e solaparam a democracia. Sob o silêncio subserviente das centrais sindicais, sabe Deus porque, retiraram dos trabalhadores todos os direitos, precarizando o trabalho, levando-o ao sub estado de análogo à escravidão.

E entregaram o país a sanguessugas – a quinta coluna que está solapando a soberania do país, entregando a preço de banana todos os ativos do Brasil, e que está destruindo os próprios negócios da dessa elite retrógrada e subdesenvolvida, como, por exemplo, a indústria naval.

A fome voltou, o desemprego voltou, o sistema de saúde está sendo destruído, o estado social está sendo desmontado.

E esta elite miserável conseguiu aliados incompreensíveis, como bispos e pastores além de religiosos de outras confissões, que tentam suportar moralmente essa ignomínia, apesar de ser, principalmente, suas ovelhas, marcadamente, mulheres, pobres e negros, que mais sofrerão com esse crime sócio-político. Com o desmonte do Estado de Direito.

Os indígenas estão sendo contestados em seus direitos conquistados com muita luta, no país que mais mata lutadores pelos direitos humanos, como a vereadora Marielle, da cidade do Rio de Janeiro, RJ.

É a volta do governo dos ricos senhores de escravos apoiado por pastores cruéis que emudecem enquanto as suas ovelhas são devoradas, e o povo negro é vítima de genocídio, e nossas riquezas são entregues, e nossa soberania é derrotada, e a subserviência a geopolíticas internacionais escusas passa a ser nosso comportamento internacional.

Neste mês, em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é tornado, na prática, um prisioneiro político, e em que nós lembramos da morte do pastor Luther King Jr, em 1968, temos de reafirmar nosso ânimo democrático, e retomar a nossa nação, pelo retorno da democracia, e do Estado de Direito.

Não podemos admitir que quem mais atrai as intenções de voto seja tornado em prisioneiro político, enquanto racistas neonazistas e políticos que expulsaram milhares de pessoas de suas casas, como aconteceu no Pinheirinho, em São José dos Campos, SP, e que foram denunciados por fornecedores estrangeiros como corruptos; e que gente, cuja história, de alguma maneira, no mínimo, esbarra no tráfico de drogas, ou acusados com criminalidade comprovada, porém, sequer investigados, desfilem solenemente em direção às eleições marcadas por manobras inconfessáveis, que, de fato, zombam da democracia e espezinham à nossa nação.

Temos de retomar o Brasil!

Nosso luto vem do verbo lutar!


Ariovaldo Ramos é Pastor da Comunidade Cristã Reformada de São Paulo.

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