Reflexões e pitacos acerca do atual momento da esquerda brasileira


A pós-modernidade fez um mal imenso para a esquerda, deixando-a excessivamente republicana, legalista e politicamente correta. Em suma, chata.

Fato é que a esquerda, há alguns anos, se debruça e deposita todas as energias de sua luta no campo da cultura - que é importantíssimo, diga-se - mas, principalmente, no campo dos direitos individuais. Houve, na minha humilde opinião, um processo de liberalização da esquerda.

Lamentavelmente, a esquerda abandonou sua disputa tradicional e primordial, que é a do campo da economia. A disputa Capital x Trabalho.

Isso explica claramente o porquê da venda de Carcará - imenso campo do pré-sal vendido a preço de banana na última sexta (29) -, as mudanças nefastas previstas para a Previdência, bem como o desmonte da CLT, as terceirizações e outros tantos retrocessos e ofensivas contra a constituição de 88 que se anunciam não motivaram nenhuma grande manifestação com adesão militante, que dirá popular.

Só conseguimos colocar militantes na rua - não colocamos povão em momento algum, que fique claro - quando o assunto foi a pauta liberal, a de costumes e de direitos individuais.

Ou recolocamos a pauta Capital x Trabalho na ordem do dia ou a esquerda brasileira terminará como a esquerda americana, fadada ao fracasso, apequenada e aprisionada na reles disputa com o campo conservador e moralista na pauta de costumes.

Abraços, 
Daniel Samam

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