Lula livre e o silêncio dos culpados, por Sérgio Batalha


Na semana passada, o Ministro Lewandovsky suspendeu o último processo pendente contra Lula, sepultando qualquer possibilidade de condenação. Era o décimo oitavo dos processos originados pela Lava-Jato, todos eles anulados, extintos ou encerrados com sua absolvição.


Nenhum político brasileiro sofreu tamanha perseguição judicial ou teve sua administração e vida pessoal investigadas como Lula. Nestes intermináveis processos, que abordaram desde a compra de caças para a FAB até a doação de um terreno para o Instituto Lula, nunca foi identificado um ato de corrupção de Lula, muito menos ainda um valor ilícito por ele recebido.


Nada obstante, a mídia divulgou intensamente as acusações da Lava-Jato como se fossem verdades absolutas, sem um contraditório sério ou qualquer investigação independente. Na verdade, havia uma parceria entre a “equipe” Lava-Jato (que abrangia juízes e procuradores!) com a mídia, inclusive para a farta divulgação em primeira mão de todos os depoimentos e documentos dos processos em segredo de justiça.


Pois bem, na semana passada, esta mesma mídia se limitou a registrar em notas de rodapé o fim dos processos contra Lula. Nenhuma autocrítica ou mesmo análise crítica do que foi a Lava-Jato no Brasil e seus resultados para o país.


A mera comparação dos índices econômicos do Brasil de 2014 com o de 2021 já revela alguma coisa. O PIB brasileiro de 2014 foi de 2.456 trilhões de dólares, sendo que o de 2021 foi de 1,608 trilhões de dólares. O Brasil encolheu economica e socialmente, com uma redução da renda média dos assalariados e retorno do país ao mapa da fome no mundo. Nossa indústria petrolífera e as empreiteiras reduziram brutalmente sua atividade, afetando toda a cadeia produtiva.


Na política, tivemos a ascensão do populismo de extrema-direita, com consequências nefastas para um país como um todo. Hoje temos a própria democracia e o Estado de Direito sob a ameaça de um governante como Bolsonaro, produto direto da cultura “antipolítica” gerada pela Lava-Jato. Os trabalhadores sofreram, além da perda de renda, a retirada de seus direitos, além dos ataques a todas as políticas sociais conquistadas a partir da Constituição de 1988.


No entanto, a própria mídia tradicional, dura e ironicamente castigada por Bolsonaro, se recusa a fazer um balanço negativo da Lava-Jato, como o Judiciário e o meio jurídico em geral já realizou.


Há também o natural silêncio do Departamento de Estado americano, participante direto da Lava-Jato, por meio do FBI e de outras agências da sua comunidade de inteligência. O governo dos EUA atuou por meio de Moro, Dallagnol e seus cúmplices para desestabilizar o Brasil, sua economia e sua democracia, de modo a reduzir a influência do país na esfera internacional, que vinha se chocando com os interesses americanos.


Temos a obrigação de romper este véu de silêncio dos culpados pela Lava-Jato e dos crimes que dela resultaram, inclusive contra a própria soberania nacional. Lula livre significa não apenas a possibilidade de derrotar Bolsonaro, mas a esperança de um Brasil livre, soberano e desenvolvido.


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Sérgio Batalha é advogado, professor universitário, especialista em relações de trabalho.

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