26 mortos em “operação policial”, agora foi em MG, por Cristiano Lima


A barbárie não pode substituir um júri, nem tão pouco metralhadoras, fuzis e pistolas podem tomar o lugar da batida do martelo de um juiz.


A operação realizada no interior de Minas Gerais na cidade de Varginha para prender supostos assaltantes de banco em um sítio que culminou em uma verdadeira chacina com 26 mortos não pode ser interpretada como um caso de justiça feita.


Os supostos assaltantes, nomeados como o “novo cangaço", foram mortos sob a narrativa de resistirem à prisão. Aqui não me reservo em defender lado A ou lado B, mas em defender a justiça e a promoção e vitalidade de julgamentos verdadeiros, com juízes, promotores, advogados e júri, e que sejam realizados em tribunais legalizados.


A banalização da vida humana é promovida através da legitimação por parte de autoridades governamentais que elogiam este tipo de ação, não devemos enaltecer um Estado justiceiro que ignora e interrompe o trâmite legal e esperado de uma operação policial.


A exibição do armamento apreendido e a imagem distorcida dos corpos amontoados e cobertos com lençóis circularam sem qualquer pudor diante aos olhos de quem estivesse frente a televisão.


Para onde estamos caminhando?


Sem sombra de dúvidas é em direção à barbárie, às execuções sumárias e legalizadas. E pode-se ter certeza, que este tipo de ação, carrega em seus executores todo um bojo de preconceitos contra as minorias, aos pretos e favelados.


Seus executores e quem os apoia e dirige se enxergam santificados, puros e detentores do poder de julgar e executar, sem dó e com orgulho de um dever cumprido.


Só faltam exibir cabeças.


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Cristiano Lima é Educador, graduando em Geografia pela UERJ/CEDERJ e Escritor.

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