O descontrole de Bolsonaro e o peso das 500 mil mortes, por Sérgio Batalha

O episódio de hoje no qual Bolsonaro se descontrolou e ofendeu repórteres de televisão foi um reflexo direto dos acontecimentos do fim de semana.


A estratégia de atacar a imprensa e alegar uma suposta perseguição não é nova, faz parte do modus operandi do bolsonarismo. Os rompantes de agressividade também são comuns e compõe o figurino do personagem Bolsonaro. Mas quem assistiu ao vídeo percebeu que ele estava efetivamente descompensado.


A pressão que desestabilizou Bolsonaro veio das manifestações do dia 19/06, mas veio ainda mais forte da marca histórica de 500 mil mortes. É um estigma que o acompanhará até as eleições e para o qual não há resposta satisfatória. 


Não por acaso, Bolsonaro não se manifestou sobre a marca das 500 mil vidas perdidas na pandemia. Nada que ele dissesse teria efeito positivo, nem mesmo as mentiras usualmente repetidas. Há momentos em que os fatos da vida se impõem sobre as fake news.


Bolsonaro sabe que a economia pode melhorar até o ano que vem, dando-lhe algum fôlego na popularidade. Tem a ideia de lançar programas sociais ou turbinar os já existentes. Mas nada do que fará poderá reverter as vidas perdidas de parentes e amigos.


Portanto, a tarefa da oposição é bater sempre na tecla das vidas perdidas e do descaso de Bolsonaro que agravou a tragédia. Trump tinha bons números na economia e foi derrotado pela pandemia. 


Não vamos esquecer esta lição, o momento é de cobrar a responsabilidade de Bolsonaro pelas vidas perdidas. Todas as vidas importam, fora Bolsonaro!

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Sérgio Batalha é advogado, professor universitário, especialista em relações de trabalho, além de conselheiro e presidente da Comissão da Justiça do Trabalho da OAB-RJ.

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