Impressões ao calor da hora: Exército se curva diante de Bolsonaro e abre precedente perigoso, por Daniel Samam

A decisão do alto comando do Exército em não punir o general Pazuello foi submissa e covarde. Pazuello, agora sem punição, torna-se o garoto-propaganda da quebra de hierarquia e da insubordinação. Outra coisa que fica clara para todos nós é que o Exército é governo. Está subordinado a Bolsonaro. Com isso, caem por terra as teses de tutela e partido militar.

Com mais de 6 mil militares da ativa e da reserva nomeados no governo federal, com um alto comando do Exército submisso, com uma escalada preocupante e sintomática de casos de arbitrariedades promovidas por Polícias Militares e guardas municipais, com o avanço de territórios ocupados pelas milícias - especialmente no Rio de Janeiro - e consolidadas na vida política, me parece absolutamente imprudente imaginar que as eleições de 2022 irão ocorrer em um ambiente de normalidade.

Foi aberto um precedente perigoso para a democracia. As condições para uma ruptura em 2022 estão sendo reunidas. É preciso que a sociedade civil se organize na resistência democrática. Os atos de rua do próximo dia 19 de junho precisam ser ampliados para além da esquerda e ter uma conotação de defesa da ordem democrática junto com a defesa da vida e de vacina para todos. O perigo é real.

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