Impressões ao calor da hora: derrubar Bolsonaro e retomar a democracia, por Daniel Samam

Uma das perguntas que muita gente deve se fazer é: Por que um processo de impeachment não avança contra Bolsonaro? Obviamente, há um sem número de fatores e elementos que formam este quadro, mas um que eu arrisco é que o presidente oferece um combo de privilégio e impunidade a setores da classe política cujo sistema foi arrebentado pela Lava Jato. Por isso ele mantém uma base parlamentar considerável, para além do centrão, com setores da centro-direita (DEM e PSDB) e até da centro-esquerda (PDT e PSB), sobretudo na Câmara.

O impeachment, como sabemos, é um processo político que depende de condições políticas, dentre elas, a perda de popularidade e o desgaste da base parlamentar para seu avanço ou não. O caso em torno da compra das doses da vacina Covaxin e os próximos passos da CPI da Covid tendem a desgastar ainda mais a popularidade de Bolsonaro, mas o envolvimento do deputado e líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, pode afetar o relacionamento do chamado Centrão com o governo, causando desembarques da base e, aí sim, aumentando a instabilidade política e possibilitando a mudança na correlação de forças para uma abertura de processo.

Por isso foi muito acertada a antecipação dos atos organizados por partidos de esquerda, centrais sindicais, entidades e movimentos sociais que compõem as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo do dia 24 julho para o próximo 3 de julho. É hora de jogar todo foco e energia no #ForaBolsonaro e no #ImpeachmentJá para empurrar de vez o governo para as cordas. Apostar na tática de "sangrar" o governo até 2022 é perigoso demais, pois pode servir a Bolsonaro como boia de salvação.

Vejam, um impeachment seria a derrota decisiva do fascismo à brasileira, permitindo a realização das eleições de 2022 em um ambiente de repactuação e retomada democrática.

Fora Bolsonaro!

Impeachment já!