Impressões ao calor da hora: Bolsonaro a cada dia mais isolado, por Daniel Samam

O pronunciamento da última terça (23) repete um comportamento já conhecido do presidente, que é o de tentar desdizer as coisas que diz. Foi assim sobre a democracia, é assim sobre a pandemia. Sempre com um elemento vital do bolsonarismo, a antipolítica.

Suspeição de Moro na 2ª turma do STF

A decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal de declarar a suspeição do então juiz Sergio Moro no caso que envolve o ex-presidente Lula resolve por ora uma das equações da conjuntura brasileira. O resultado neutraliza, na prática, qualquer possibilidade de a decisão do ministro Edson Fachin, que determinou que Lula não deveria ter sido julgado em Curitiba, ser revertida no pleno do tribunal. Pode até ser mudado, mas a mudança não terá significado prático.

Diante disso, a possibilidade de Lula poder ser candidato em 2022 vai se consolidando. Bem como também vai se confirmando a disputa entre Lula e Bolsonaro, como aponta a pesquisa do Poder 360 que aponta que apenas 12% não votariam em nenhum dos dois. 

A centro-direita e os neoliberais estão entre a cruz e a caldeirinha, como base do governo, flertando com o Bolsonarismo e não conseguem emplacar um candidato competitivo.

Bolsonaro nas cordas

Os últimos movimentos foram claros. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, reconheceu em discurso a gravidade da situação e pediu ação em tom de ultimato. “Estou apertando o botão amarelo aqui a quem quiser enxergar”, disse. Ele também afirmou que o Congresso tem remédios amargos, “alguns fatais”.

Com isso, Bolsonaro vai entrando na etapa em que não há mais margem de manobra. Os desembarques no consórcio que dá sustentação ao governo se acumulam: parte dos neoliberais assinam manifesto contra a gestão do governo na pandemia; o famigerado "Centrão" perde a paciência com o genocida de plantão no Planalto. Resta saber até quando a turma da caserna vai se associar a Bolsonaro. A ver.

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