Ele voltou... Por Sérgio Batalha

Lula é o maior líder popular do Brasil desde Getúlio Vargas. Ninguém teve maior apoio popular ou conseguiu mudar tanto o país em oito anos de governo. 

A perseguição judicial injusta que sofreu e sua prisão ilegal foram marcantes também no ataque sofrido por nossa democracia, abrindo o caminho para a eleição de um governo de extrema-direita, liderado pelo facínora genocida Bolsonaro.

Em dois anos, o país foi parcialmente destruído por um governo voltado a investir contra as instituições, os direitos dos trabalhadores, empresas estatais e o serviço público. A pandemia escancarou o caráter destrutivo de um governo que despreza a vida.

Neste quadro de desespero, os processos contra Lula são finalmente anulados e ele recupera seus direitos políticos. Faz um discurso histórico, criticando o desastroso governo Bolsonaro e se apresentando ao povo como um estadista disposto a recuperar o país.

Esqueçam tudo que vinham discutindo ou avaliando sobre as eleições de 2022. O jogo mudou em uma virada histórica. 

O próprio Bolsonaro entendeu isto imediatamente, passando a usar máscara e falar em vacina. Ele acusou o golpe, sabe que a tática de forçar debates sobre ideologia e difundir mentiras não funcionará sozinha. Ele terá de governar e apresentar algo de novo para enfrentar Lula.

Quanto à oposição, ela ganhou um líder. Não adianta chorar ou ranger os dentes, Lula polariza o debate, não pelo seu extremismo, mas pela sua força. É o único, além de Bolsonaro, que fala diretamente com o povão.

Lula não lançou ainda sua candidatura, mas é o único que pode efetivamente construir uma frente democrática ampla contra o fascismo de Bolsonaro, abrangendo da esquerda até o centro. A eleição de 2022 não está decidida, mas ele voltou e nada será como antes.

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Sérgio Batalha é advogado, professor universitário, especialista em relações de trabalho, além de conselheiro e presidente da Comissão da Justiça do Trabalho da OAB-RJ.