Remontando Luiz Henrique Mandetta, por Cristiano Lima


Tendo os holofotes voltados a si, Luiz Henrique Mandetta, ministro da saúde de Bolsonaro, vestiu nas últimas semanas uma capa de herói da nação. Em tempos de pandemia e isolamento social, ao ter afirmado a importância do isolamento social ampliado, contrariando Bolsonaro, que defende o fim da quarentena, alegando prejuízos à economia.

A capa de herói, já estava até mesmo lhe rendendo suposições de candidatura para 2022! Ora, esta atuação não era de Moro? O “super ministro” que se colocava incapacitado, impedido, diante de seu líder, que ele mesmo, Moro, também, deu uma “ajudinha” para elegê-lo como presidente, Jair Bolsonaro?

Mandetta se desmontou e atingiu a crista da onda. Seria mais um a deixar o barco bolsonarista e remar com as próprias mãos? Não se engane! Relembremos, ou melhor, remontemos quem é Luiz Henrique Mandetta.

Mandetta tem em seu currículo como deputado federal pelo DEM uma larga experiência de combate às políticas públicas favoráveis ao povo e ao Brasil. Vejamos:

Foi oposição ao Governo da ex-presidenta Dilma Rousseff, sendo, inclusive, contrário ao Programa Mais Médicos lançado em 2013 e que garantiu atendimento em lugares distantes dos grandes centros, no interior e nas periferias das grandes cidades. O atual ministro de Bolsonaro, também amarga em seu currículo o apoio ao golpe de 2016 que levou ao Brasil a uma catástrofe de cunho social e econômico, o que desencadeou uma avalanche de desemprego e miséria Brasil à dentro.

Em dezembro de 2016, com o Brasil já sob os desmandos do usurpador Michel Temer, Mandetta votou a favor da PEC do teto dos gastos públicos, também conhecida como PEC do desespero que açoitou literalmente nossa Constituição Federal alterando, ou melhor, diante das conseqüências, desfigurando-a, para a aprovação da emenda constitucional que limita investimentos em educação e saúde por 20 anos.

Mandetta, para não fugir a regra, também foi a favor da reforma trabalhista que retirou direitos de trabalhadoras e trabalhadores, colocando-os em total vulnerabilidade diante dos patrões.

Uma de suas grandes polêmicas foi questionar a gratuidade do SUS (Sistema Único de Saúde) em uma entrevista no programa Roda Viva, da TV Cultura em 27 de maio de 2019. Mandetta, na ocasião, afirmou ter interesse em levar essa discussão ao Congresso.

Em particular, aos militantes do Partido dos Trabalhadores, Mandetta não poupou ofensas. Em 2017, durante uma discussão com membros da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara, o então Deputado Federal comentou: “O cara começa na maconha, passa para cocaína, vai no crack e acaba votando no PT.”

Agora, concluindo, quando falarmos em “herói” durante esse regime bolsonarista, não podemos, sequer, imaginar a figura de qualquer membro desse regime.

Enfim, estamos remontando, Luiz Henrique Mandetta. Será que faltou alguma peça?
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Cristiano Lima é Educador, graduando em Geografia pela UERJ/CEDERJ e Escritor.

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