Impressões ao calor da hora: sobre o ataque dos EUA que matou general iraniano, por Daniel Samam


Um ataque aéreo estadunidense autorizado por Trump matou Qasem Soleimani, alto comandante da força especial de inteligência da guarda revolucionária do Irã, no aeroporto de Bagdá, no Iraque. O ataque foi, ao meu ver, uma provocação e, também uma resposta desesperada às manobras militares conjuntas de Rússia, Irã e China no Golfo de Omã.

Soleimani não era apenas um dos militares mais importantes do Irã, mas também uma figura extremamente popular no país, considerado um herói de guerra. Tinha uma popularidade tão ou maior que a do líder supremo iraniano e do atual presidente da república islâmica. Tanto que era cotado como possível sucessor na presidência. Ou seja, é bem provável que o Irã responda aos EUA. Agora, como se dará esta resposta é que não sabemos ainda. Mas há suposições. O Irã sai politicamente fortalecido para seu povo, bem como para toda a região.

Dado seu posicionamento assimétrico, pode retaliar os EUA em diversos cenários. Vejamos. Para compensar forças armadas convencionais bem mais fracas que as dos EUA e de Israel, o Irã baseia sua ação externa em rede de milícias e grupos paramilitares. Soleimani era a cabeça dessa rede.Por isso, uma das apostas é que a resposta iraniana não venha em confronto direto com os EUA, e sim pela mobilização dessa rede paramilitar em ações menores e descentralizadas contra alvos estadunidenses como bases militares, companhias de petróleo e embaixadas.

Vendo o trending topics do Twitter, muito se fala em guerra. No entanto, pelo que tenho lido nas análises de especialistas em oriente médio, nem EUA e nem Irã querem uma guerra agora. A ver.

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