Reflexões sobre trabalho de Direção, por Julio Villas Boas


Dia sim, dia também, somos informados de mais uma ação nefasta proporcionada pela onda conservadora, de conteúdo fascistizante, que elegeu Bolsonaro e Witzel, e que deu musculatura à Crivella.

De uma só tacada, esta semana   tivemos a tentativa de armar a guarda municipal, de militarizar a escolas e a manipulação de dados estatísticos, mas não para por aí, tem mais, tem sempre mais. 

O objetivo permanente é retroceder nos direitos e conquistas acumuladas pelo povo trabalhador a partir do caldo de cultura anti democrático e, por isso mesmo, intolerante e preconceituoso.

O combate é, e tem que ser, diuturno. A despeito do volume da ação de propaganda e disseminação da ideologia do ódio e da intolerância, a sociedade, aos poucos, vem despertando e buscando formas de reagir.

A afirmação de uma pauta em defesa da democracia e de resistência às medidas de caráter neo liberal vem se afirmando aos trancos e barrancos. A oposição ainda patina.

A expectativa de grandes ações  de massas, definidoras do processo politico, deve ser acompanhada da construção, na base da sociedade, da resistência e da disputa de forma organizativa.

Ter uma atuação militante na base da sociedade é contrapor narrativas e estimular, a partir das questões específicas, particulares e localizadas, o vínculo com as questões mais gerais. É politizar as questões específicas.

O papel da militância é estar aonde a população se organiza, e estar presente nos sindicatos e entidades profissionais, nas entidades estudantis e acadêmicas, nas multifacetadas organizações populares, nos territórios, nas organizações e manifestações culturais.

A presença militante se dá na afirmação dos movimentos identitários com viés anti-capitalistas e no debate civilizatório e estrutural da questão negra, que são questões  centrais na luta democrática pela ampliação de direitos e no combate à um mundo injusto e desigual baseado na exploração do homem pelo homem.

É fazendo vínculo das questões particulares e reivindicatórias, específicas de cada grupo social, com o enfrentamento politico e ideológico que o papel do partido político sobressai e, por isso mesmo, se faz imprescindível.

Neste sentido o PT, tem buscado, ao corrigir suas prioridades, retomar seus vínculos com os movimentos sociais e com as reivindicações mais prementes das camadas populares. 

O desafio colocado para as novas direções eleitas é ultrapassar, de forma coletiva, métodos que engessam e burocratizam o trabalho de direção. O desafio de fazer da grande política a preocupação e a diretriz permanente do papel de direção.

Existe uma demanda forte da militância em ter um outro tipo de direção . A pressão é grande em vista do vazio existente, a despeito do esforço de algumas direções zonais no último período.

Evidente que esta demanda reforça o espírito combativo e militante, mas para que seja bem aproveitado, é necessário que algumas premissas sejam observadas e atendidas, e a principal delas é o caráter coletivo das Direções. 

O primado da política real é essencial, nosso partido é vocacionado para disputar poder. Debater de forma constante e permanente a conjuntura a partir das resoluções partidárias é decisivo para não se perder no varejo da política. A obrigatoriedade do debate de conjuntura, em seus vários aspectos, em todas as instâncias partidárias, é decisivo. Da mesma forma os debates sobre as questões dos territórios, categoria profissional ou movimento social, enfim, as questões que afligem a população no seu cotidiano.

É necessário fazer das instâncias partidárias  o espaço privilegiado da construção da unidade política nas ações do partido. Debater, explicitar divergências e construir convergências consensuais para avançar na ação política.

No momento, a questão eleitoral assume centralidade. A tarefa é construir uma politica eleitoral que avance para derrotar o bolsonarismo e a direita, que una e articule uma proposta com força para vencer. Esse debate tem que envolver toda militância de forma organizada, possibilitando a unidade de ação e resultando na construção de uma nominata com capacidade de expressar nossa força e almejar um resultado melhor que o de 2016. Essencial que as condições para o exercício da campanha eleitoral sejam garantidas a todos os candidatos e candidatas.

Neste sentido, apostar em iniciativas de elaboração de um programa para a Cidade a ser oferecido as demais forças politica. A unidade dos partidos e forças politicas será mais forte quanto mais afinidades programáticas existirem.
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Julio Villas Boas é militante do Partido dos Trabalhadores.

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