Não são declarações de um menino mimado, por Cristiano Lima


“Se esquerda radicalizar, resposta pode ser via um novo AI 5”
Não foi uma manifestação ridícula de um menino mimado, que por ser o filho do presidente se acha no direito de falar tudo o que deseja. A fala repulsiva de Eduardo Bolsonaro expressa uma ameaça real, uma declaração escamoteada de teste. Eduardo e sua família vêm testando os limites do povo e das instituições, e não é de hoje!

Quando seu pai, ainda deputado federal, no golpe de 2016, durante o impeachment da presidenta eleita pelo povo, esbravejou em forma de discurso, profanando a casa do povo, elogios ao torturador Carlos Brilhante Ustra, Bolsonaro e seu filho, Eduardo, que estava presente, podem ter percebido, a partir dali, o quanto as instituições que deveriam zelar pela Democracia foram omissas diante de tamanha violência contra a Democracia, as vítimas e a memória das famílias daqueles que foram vítimas deste torturador. (Ustra por quatro anos foi comandante do maior centro de torturas do Exército brasileiro, o Doi-Codi).

Desde este episódio lamentável, o que mais se viu foram ataques sucessivos ao Estado democrático de direito. Desfiles pelos corredores com camisas estampadas com a foto do torturador Ustra e declarações que anunciavam a intenção da família, mesmo antes da eleição de Jair Bolsonaro em 2018.

Em suas redes sociais, na época, Eduardo Bolsonaro escreveu: “Ustra vive nos corredores da Câmara dos Deputados”. Percebe-se com isso um rastejar da serpente, que vem expelindo seu veneno, enquanto avança, ameaçando, até dar o bote mortal.

Um outro fato que devemos nos atentar é que desde que Bolsonaro assumiu (infelizmente) a presidência do Brasil, nada mais fez do que tentar enfraquecer pontos estratégicos, como as instituições de ensino, atacando ONG`S e partidos de esquerda.

Porém não é a primeira vez que Eduardo testa os limites das instituições. Em um vídeo publicado m suas redes sociais o deputado federal PSL-SP afirmou que bastaria um soldado e um cabo para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF).

“Se quiser fechar o STF, sabe o que você faz? Não manda nem um jipe. Manda um soldado e um cabo. Não é querer desmerecer o soldado e o cabo” Afirmou Eduardo Bolsonaro, deputado federal por São Paulo, que por sua função devida ao voto exercido em uma eleição amparada pela Democracia devia ter como maior compromisso a defesa desta..

Não são declarações de menino mimado e nem tão pouco devaneios de um pai louco. Devemos ter cuidado com Bolsonaro! É preciso demonstrar que não estamos desatentos, ir às ruas e exigir não um posicionamento do STF, mas o cumprimento do dever de proteção da Democracia, do Estado livre de direito e livrar o Brasil deste ataque, que ao que tudo indica está mais do que anunciado.
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Cristiano Lima é Educador, graduando em Geografia pela UERJ/CEDERJ e Escritor.

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