Comércio varejista de drogas: “Soluções” pragmáticas e viciantes, Rio de Janeiro na roleta russa, por Cristiano Lima


A forma adotada pelo Estado para resolver a questão do comércio varejista de drogas não é uma politica de segurança pública, muito diferente disso, o modelo viciante e sem resultados satisfatórios  que vem sendo executado no Estado do Rio de Janeiro é falho e nocivo. Apresenta um plano pragmático onde o início e fim já são conhecidos.

A proposta baseada no enfrentamento balístico tem provocado um verdadeiro desastre social que se repete toda semana: O assassinato de idosos, trabalhadores e crianças, demonstra que ninguém está sendo poupado ("ninguém" não é genérico, ele tem cor, classe e endereço).

As incursões policiais em regiões pobres e abandonadas têm provocado vítimas inocentes. Nem mesmo as humildes casas que têm sua privacidade e direito violadas a partir do abuso do pé na porta, ou, então, estão à mercê do covarde e discriminatório mandado coletivo.

O combate através do enfrentamento com o uso da truculência é uma tática falida, que como sabemos só leva dor a qualquer um dos lados. Cria-se assim, a doutrina do ódio e da ideia que a centralização e consequência  de todos os problemas da ordem da segurança pública estão nas favelas e morros.

Esta abordagem viciante e truculenta sempre foi estimulada pelas mídias conservadoras que através da expertise em manipular com suas reportagens dignas de uma novela mexicana sob o comando de apresentadores que usam de um populismo forçado cobrando do Estado ações pragmáticas para resolver a questão da violência.

Estas ações, em sua maioria das vezes, resultam nas chamadas “vítimas de ”balas perdidas” , que em seguida  tornam-se capa principal desta mesma mídia, que agora se coloca “teatralmemente” do lado das vítimas ou de seus familiares que neste fogo cruzado assistido por perfumados e engravatados nada mais são que mero figurinistas.

Homens e mulheres invisíveis aos olhos da justiça, porém estão latentes quando o assunto é segregação e criminalização de territórios  pobres com sua população. 

Quem entra em desespero são os moradores de comunidades carentes. Sempre vítimas! Estes se encontram em plena vulnerabilidade diante da politica governamental do Estado do Rio de Janeiro.

O tambor do trabuco do Estado gira toda semana diante das inúmeras comunidades do Estado. O desespero em ser o escolhido nessa roleta russa leva aos moradores a serem impedidos de sair de casa para trabalhar, ir ao médico ou até  mesmo a escola.

A roleta russa promove mais segregação e desigualdade. Se o ensino público já sofre com toda a precariedade e descaso dos governos Crivella e Witzel, aumentando a distância em qualidade  com as escolas particulares e desta forma afunilando a possibilidade de disputa justa entre os alunos da rede pública e privada. As aulas suspensas adiam ou rompem as possibilidades já mínimas  do pobre em concorrer a uma vaga de emprego ou dar continuidade aos estudos.

Qualquer ação do Estado não pode se sobrepor aos direitos garantidos pela nossa Constituição Federal, aos direitos humanos, nem tão pouco gerar intimidação, medo e pânico ao povo.
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Cristiano Lima é Educador, graduando em Geografia pela UERJ/CEDERJ e Escritor.

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