Impressões ao calor da hora: Moro interferiu nos acordos de delatores, por Daniel Samam


Mais um capítulo da #VazaJato revela a interferência do ex-juiz e então ministro justiça Sergio Moro nos acordos de delação premiada fechados pela força-tarefa da Lava Jato. Mensagens privadas trocadas por procuradores em 2015 mostram que o então juiz federal interferiu nas negociações das delações de executivos da construtora Camargo Corrêa.

As mensagens, obtidas pelo Intercept e publicizadas pela Folha de S. Paulo, revelam que Moro avisou aos procuradores que só homologaria as delações se a pena proposta aos executivos incluísse pelo menos um ano de prisão em regime fechado. A interferência surtiu efeito e os acordos foram assinados.

O juiz tem o dever da imparcialidade, e não pode se confundir com a acusação. Logo, Moro não podia dizer ao Ministério Público a pena que queria aplicar aos denunciados antes de eles serem denunciados.

Reitero o que venho afirmando há alguns meses: a cada dia o Brasil se distancia mais e mais do Estado Democrático de Direito. Decisões são tomadas ou ignoradas ao arrepio da lei e da Constituição. Nossa democracia está ruindo junto com as instituições que deveriam defendê-la.

A defesa da ilegalidade em nome do combate à corrupção é má-fé, ignorância ou pura canalhice. Ou, quem sabe, um pouco de cada.

Um comentário:

  1. Devemos parar de falar que o Moro e o Dallagnol usaram a Lava-jato para motivos pessoais. Com isso estamos reduzindo, minimizando e até omitindo o papel dos EUA na Lava-jato.

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