Nas frestas do bloco hegemônico está a saída do isolamento do campo democrático-popular, por Daniel Samam


O amplo consórcio gestado na longa crise de hegemonia iniciada em 2013, que construiu o golpe através de um impeachment sem crime de responsabilidade de Dilma, que perseguiu, condenou e prendeu Lula e, na condição de bloco hegemônico, criou as condições para eleger Bolsonaro nas eleições de 2018 não vai recuar e fará de tudo para impor o neoliberalismo em sua face mais autoritária para desmontar o Estado brasileiro.

Com as instituições e as forças políticas fragilizadas e divididas, não parece existir nenhum campo capaz de juntar forças suficientes para uma saída, seja ela qual for. Mais a economia caminhando para uma depressão, a única certeza, por ora, é que um colapso social de consequências imprevisíveis está a caminho.

Neste caso, é bom sermos realistas: a retomada será um processo lento e, para processos de médio e longo prazos, só com luta política, nas ruas e nas instituições, “de baixo para cima e pelo alto” como nos ensinou Lenin, com reconstrução de maioria ampla e democrática que iremos reverter esse quadro.

A esquerda está numa situação melhor do que antes. Em seis meses de governo, organizamos 3 potentes atos de massa contra o governo Bolsonaro, mas ainda não rompemos com o isolamento social e institucional. O momento exige maturidade política de todo o campo para ampliar, sem sectarismos. Por isso, a luta pela liberdade de Lula tem caráter central, pois este é o nó para se destravar a retomada democrática.

A divulgação das mensagens pelo Intercept tem ajudado. O lavajatismo e Moro estão sendo empurrados para debaixo das asas do bolsonarismo, perdendo seu caráter mais amplo, carregando suas contradições, além do governo e Paulo Guedes não conseguirem entregar a encomenda pra Banca. Há frestas se abrindo e precisamos aproveitá-las.

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