Impressões ao calor da hora: bolsonarismo encastelado, por Daniel Samam


Com as instituições republicanas e forças políticas estilhaçadas, mais a consolidação da extrema-direita por conta da longa crise de hegemonia iniciada em 2013, passa a impressão de não haver nenhuma saída possível para o atual cenário.

Bolsonaro joga igual ao Trump, alimentando seu núcleo duro e, por óbvio, sua militância. A diferença é que o ex-capitão não tem como entregar crescimento econômico e emprego. Daí, declarações estapafúrdias do general Heleno e de Weintraub servem apenas para alimentar e mobilizar o núcleo duro do fascismo à brasileira.

No entanto, esse núcleo duro organiza algo em torno de 25% e 30% da sociedade. Por isso não tiro do radar a possibilidade de radicalização e ruptura institucional enquanto o bolsonarismo mantiver a casa dos 30% de bom/ótimo nas pesquisas de opinião.

O bolsonarismo está encastelado, à espera de uma boa notícia que mude as expectativas da economia. A recessão é latente. Fome e desemprego crescem de forma galopante. A única certeza, por ora, é que um colapso social de consequências imprevisíveis está a caminho. Daí o meu receio de quando a massa for de fato às ruas, seja em defesa da ruptura e do fascismo.

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