Pisotearam a fé de um povo e a democracia, mais uma vez, por Cristiano Lima


Os tapetes de serragem, uma tradição católica que se da durante a celebração da semana santa em várias cidades do Brasil protagonizam beleza e dedicação na representação da paz e do amor. Além de ser um trabalho artístico sua confecção depende de uma força comunitária, um conjunto que envolve sentimentos, tradição e esperança. Porém, o que era para ser um momento de fé, comunhão e amor se transformou num cenário de autoritarismo e repressão.

Em Ouro Preto, cidade do Estado de Minas Gerais guardas civis metropolitanos foram flagrados sem nenhum constrangimento pisoteando o tapete confeccionado por fiéis que trazia a imagem de Marielle Franco (PSOL), vereadora brutalmente assassinada no Rio de Janeiro, cujo mandante do crime ainda não foi encontrado.

A ousadia, tranquilidade e ao mesmo tempo deboche com que agiram esses agentes só vem confirmar o óbvio: Eles estão se sentindo representados e empoderados. Sim, o fascismo, a intolerância o preconceito, o ódio as minorias vieram no bolo azedo das eleições de 2018 que vem causando uma diarreia grave em todo o Brasil.

A chancela para a pratica de atos contra a vida e a liberdade de expressão vem se tornando corriqueiros. O primeiro trimestre de 2019 é uma pintura medieval que ao que indica tem muito, ainda, a ilustrar.

Casos de feminicídio, perseguição à professores têm se multiplicado pelo País. E por falar em professores, uma medida muito “sinistra” vem sendo observada com suspeita por profissionais da educação do Estado do Rio de Janeiro: A contratação de militares da reserva para trabalharem como porteiros e inspetores nas escolas estaduais.

O desemprego que hoje pode ser considerado uma  epidemia em todo o Brasil, parece não preocupar o governo Estadual que em meio a este cenário que estampa a vida real de várias famílias propõe essa medida. Ou será que a preocupação está em outro ponto?

Sobre o autoritarismo e violência produzidos em forma sistemática, estes, vem acendendo um sinal de alerta, pois para os executores que se sentem representados não lhes interessa o desenvolvimento do país, tão pouco parecem estar preocupados com os pacotes de maldades e emagrecimento da economia. Estes se alimentam e se sentem satisfeitos com o “poder” exercer seu ódio.

Todos os limites de um Estado saudável para o exercício da democracia já foram ultrapassados, estamos num corredor escuro e com os olhos vendados sem sabe por onde seremos atacados. Pisotear uma obra exposta num momento de expressão religiosa que tem significado de protesto e indignação de milhares de brasileiros é um sinal claro de que não estamos livres.
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Cristiano Lima é Educador, graduando em Geografia pela UERJ/CEDERJ e Escritor.

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