Davos em 6 minutos. O futuro do Brasil em 6 minutos, por Cristiano Lima


Com seu discurso único, em tópicos, fazendo todo o uso das pausas, virgulas e fôlegos, Jair Bolsonaro, em sua primeira viagem de governo internacional, garante tempo recorde ao concluir seu discurso em Davos, Suíça, em apenas 6 minutos.

Com a presença de mais de 70 chefes de Estado e 3.500 participantes, Jair Bolsonaro teve os holofotes, curiosidades e atenção voltados a si. Afinal, todos queriam saber o que o Presidente eleito acostumado ao twitter e as demais redes sociais tinha a dizer ao vivo.

Para quem esperava um discurso inflamado e longo (se alguém de fato esperava) se decepcionou. Em menos de 10 minutos, Jair Bolsonaro descreveu sua estratégia de governo, fez uma análise sobre o Brasil, falou de meio ambiente, agricultura, pecuária, segurança, turismo, “corrupção” coligações partidárias para troca de favores, da sua trajetória até a campanha e ainda apresentou seu super ministro.

O fato é que em pleno século XXI onde todos, até os neoliberais mais ferrenhos, têm o olhar voltado para questões como aquecimento global, sustentabilidade, - com exceção de Donald Trump - fim de recursos naturais, Jair Bolsonaro, em tom de crítica afirma que o Brasil é o país onde mais se preserva o meio ambiente, alfinetando que apenas 9% do solo é destinado a exploração agropecuária.

O que talvez o Presidente não saiba, ignore ou desconsidere é que a Amazônia é o pulmão do mundo, e que um dos motivos da cobiça e das guerras contemporâneas é justamente a busca e domínio de países que possuem recursos naturais ainda em abundância, como o petróleo! Caso da Venezuela.

Vale aqui mais uma informação, é salutar, também que saiba que desde meados do século passado que o mundo vem se preocupando com o meio ambiente. Realizando conferências, encontros, acordos. A própria ECO 92, realizada aqui no Brasil!

Demonstrando mais uma vez a falta de segurança, conhecimento e sua já declarada submissão ao estrangeiro. O patriota que se compromete a fazer o necessário e esperado pelo mundo, ou sendo mais explícito, pelos EUA, atendendo aos anseios do capital estrangeiro, acelerando as Privatizações e reformas, sugerindo, assim em sua fala o entreguismo e escravidão do trabalhador, acaba, dessa forma, entrando em confronto direto com o seu lema: “Brasil acima de tudo”.

Para alimentar a ilusão de seus seguidores, Bolsonaro recorreu mais uma vez ao apelo populista. “Da caneta bic ao bandejão.” O presidente Jair Bolsonaro aparece numa foto almoçando em uma espécie de restaurante sozinho. 

Se para seus seguidores, o almoço solitário tem o significado de simplicidade, para um olhar mais apurado, a foto na verdade, reflete o medo da certeza da incapacidade de se sentar a mesa ao lado de lideranças mundiais e, assim, apresentar suas limitações. Por outro lado os lideres devem agradecer, pois escaparam de ficar mal na foto. Antes que me esqueça, dentro do seu discurso de 6 minutos não faltou a frase tão repetida pelo Presidente: “Sem o viés ideológico”.
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Cristiano Lima é Educador, graduando em Geografia pela UERJ/CEDERJ e Escritor.

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