O porte de arma e o desejo colonizador implícito no cidadão de bem, por Cristiano Lima

O caos social provocado pela política de exclusão de direitos e a crise econômica fomentaram a esperança de uma vertente extremista e segregadora. Apoiada, principalmente, no aumento da violência urbana, Jair Bolsonaro, ignora qualquer bandeira de cunho social ou de políticas públicas que venham trazer benefícios ao povo. 

Pelo contrário, propõe  o armamento da população através da liberação do porte de armas de fogo, como solução para a violência. Uma proposta que nos leva a uma comparação com o Velho Oeste,  onde cada um podia transitar com seu rifle ou revolver. Não é difícil de afirmar que essa medida nos leva a um retrocesso e a um salto galopante na ignorância da justiça. O velho ditado “Não se deve fazer justiça com as próprias mãos” se tornaria de fato obsoleto.

Uma camada da sociedade que se intitula ”cidadãos de bem” abraçam esse projeto fazendo vista grossa a todo o repertório rico em preconceitos e de ódio as minorias, que alimentam a fala do candidato. Ora, não é mistério que a classe média sempre teve o comportamento  explícito de tentar se distanciar das classes mais pobres e se aproximar da elite.

A ascensão do pobre no governo PT, acarretou seu ingresso as universidades e a viagens a passeio, ou seja, cumprimento daquilo que está nos direitos humanos, educação e lazer.

Esse uso de direitos, pelo pobre, foi encarado com desconforto, expressado através de piadas ou comentários agressivos daqueles que se sentiam pouco a vontade com a possibilidade da igualdade de direitos A  proposta de Jair Bolsonaro pode ser entendida como mais uma forma de segregação e achatamento das classes menos providas.

É ser imbuído de muita inocência achar que a elite vai permitir o acesso das armas às classes pobres. “E não queremos! Desejamos saúde, educação, renda e mitigação das desigualdades.”

Numa primeira observação podemos destacar aqui que não é  através  do armamento que vamos resolver a questão da violência,  pelo contrário , teríamos mais violência.

Como segunda e terceira observações, podemos citar o alto valor de uma arma de fogo e os critérios que podem ser colocados como condição para obtenção do porte, o que poderia tornar quase inviável para o pobre adquirir uma arma legal para se “defender”.

Diante desse cenário podemos concluir que a política armamentista é um fator de empoderamento  que leva a uma condição  de domínio e supremacia sobre o pobre.

Por trás do discurso de promoção da auto defesa o cidadão de bem quer expressar seu desejo colonizador, ou seja, sentir se capaz de dominar. Os possíveis detentores do porte legal de armas sabem disso.

Para aqueles que sonham com uma arma na cintura e que fazem parte da grande parcela da população  brasileira, saibam de uma coisa: Imaginar programas como "minha arma, minha vida", cotas para adquirir armas a preços populares é uma utopia.
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Cristiano Lima é Educador, graduando em Geografia pela UERJ/CEDERJ e Escritor.

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