Uma breve avaliação da conjuntura eleitoral majoritária, por Daniel Samam


1. A polarização das eleições se dará entre a negação da política e a política tradicional. As pesquisas indicam que Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede) e Joaquim Barbosa (PSB) disputam uma vaga no segundo turno pelo flanco da negação da política. A outra vaga no segundo turno, ao que tudo indica, será do preso político Lula (PT) ou do candidato ou candidata que ele indicar.

2. Para ir ao segundo turno, o MDB, o PSDB e o DEM terão que derrotar as candidaturas de Bolsonaro, Marina e Barbosa. Mesmo unidos em torno de uma única candidatura, coisa que ainda não parece provável. Fato é que nenhum destes partidos perdem nada em lançar candidato próprio à Presidência. No caso de Temer, então, ele necessita se candidatar para defender seu mandato e, principalmente, para enfrentar os ataques do Ministério Público (MP) e do Judiciário.

3. O MDB, como de praxe, terá o maior tempo de TV, que segundo pesquisas, ainda é o meio de informação de maior credibilidade. As inserções na grade de TV, mais que o horário eleitoral gratuito propriamente dito, serão a mais importante forma de comunicação. Ao mesmo tempo, será a principal fraqueza de Bolsonaro, Marina e, ao que tudo indica, de Barbosa, pois estes não dispõe de grandes tempos de TV.

4. Após as revelações de roubo de dados pessoais de milhões de pessoas ao redor mundo e de centenas de milhares de pessoas no Brasil, a campanha nas redes sociais terá um papel ainda incerto devido à baixa credibilidade de informações (Fake News), embora saibamos de seu imenso potencial de atingir pessoas (vide as campanhas de Trump nos EUA, e do Brexit no Reino Unido). Fazer campanha nas redes sociais tem o poder de aproximar e criar um relacionamento mais próximo entre o candidato e o eleitor, utilizando um canal de comunicação mais rápido, eficiente, que alcance milhares de pessoas, que seja de fácil acesso a todos e, principalmente, com baixo custo.

5. A abstenção pode sim ser o grande fenômeno eleitoral em 2018 como foi na eleição da cidade do Rio de Janeiro em 2016, quando mais de 38% dos eleitores decidiram pela abstenção, brancos e nulos. Nas pesquisas o eleitor pede renovação e ética, mas se nega a participar do processo eleitoral. Com Lula fora da disputa, a tendência é que a abstenção aumente ainda mais.

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