Porque Lula cresceu tanto? Por Val Carvalho

Publicado em seu perfil no Facebook.

A que se deve o rápido crescimento do apoio a Lula às vésperas do “Juízo Final”? Basicamente à percepção crescente de que o impeachment foi um golpe contra a esmagadora maioria da sociedade e não apenas contra trabalhadores e os petistas. Mais do que isso, setores das classes médias, que aplaudiram o impeachment de Dilma, sentem agora que o golpe é também contra eles, e não apenas contra os trabalhadores.

Dessa percepção política resulta o crescimento de Lula nas pesquisas, passando a ganhar em todas as regiões do país, entre homens e mulheres, em todas as faixas etárias, níveis de escolaridade e empata com Bolsonaro apenas na faixa de renda acima de 10 salários mínimos. Cada vez mais novos segmentos sociais deixavam de ver Lula como “ladrão”, para considerá-lo uma solução.

Objetivamente isso sinaliza o deslocamento de grande parte das classes médias do golpe de 2016 e a busca de uma saída democrática nas urnas. Ou seja, passam a defender o direito de Lula ser candidato a presidente e para restituir a plenitude do Estado democrático de direito e revogar todos os atos antissociais e antinacionais do golpista Temer.

A sociedade começa a sentir a necessidade de um mediador, de um estadista para tirar o país da crise, coisa que Lula sabe fazer muito bem. Mas do ponto de vista político e social é uma saída de centro-esquerda, pois o impulso inicial foi dado pelos movimentos sociais e os partidos de esquerda. Daí as possibilidades de se poder avançar mais na retomada da democracia. Nas condições históricas do Brasil, em que ainda prevalece um nível de consciência política das massas relativamente baixo, temos de considerar, no entanto, que as grandes transformações sociais começam pelo centro, mas precisam continuar pela esquerda.

A condição, lógico, é que esta esquerda tenha aprendido com seus erros, mostrando que é capaz de unir forças e avançar além do impulso democrático inicial com a organização da base popular em torno de um programa de reformas estruturais. Mas essa é uma discussão para além do 24 de Janeiro.


Val Carvalho é militante histórico do Partido dos Trabalhadores (PT).

Nenhum comentário: