“Não sei se é o momento de unir a esquerda” e o povo que se dane (Comentário sobre a entrevista de Freixo à Folha)


A entrevista do deputado estadual e ex-candidato à Prefeitura do Rio em 2012 e 2016, Marcelo Freixo, à Folha de São Paulo de hoje (29), só revelou a ala que é maioria no Rio de Janeiro e que ele representa no Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), que opta por ser um partido de clara orientação antipetista, que se mobiliza em torno de um moralismo neo-udenista e que recorre a tática eleitoral de ocupação legislativa.

Em nenhum momento da entrevista, Freixo falou sobre a defesa da soberania nacional, da desigualdade social que voltou a crescer no país por conta da superconcentração de renda e do assalto que o capital financeiro promove com total respaldo do consórcio golpista que está de plantão no governo central. De golpe, então, passou longe. Para Freixo, numa conjuntura brutal de retrocessos políticos e sociais, não é hora de buscar unidade do campo democrático-popular e de esquerda, mas de acentuar nossas diferenças, de demarcar, se autoafirmar. E o povo que se dane. 

O antilulismo e o antipetismo, como afirmou o camarada José Luis Fevereiro, membro da direção nacional do PSOL, em recente artigo publicado aqui no Blog de Canhota, “são fenômenos sociais conservadores que mobilizam segmentos sociais que sentem perda relativa de status pela ascensão dos debaixo”. Me parece que o PSOL quer superar o PT reeditando o pior do PT dos primeiros anos. O do discurso moralista da Ética. O Freixo deve imaginar que seja possível pegar carona no antilulismo e no antipetismo para alavancar seus projetos e os do PSOL.

No PSOL, parece não haver perspectiva real de poder e, menos ainda, um projeto para o Brasil. Em suma, a entrevista escancara uma liderança e um partido que disputam uma pequena parcela da sociedade através do discurso pautado nos costumes e questões identitárias do que nos grandes temas nacionais.

3 comentários:

  1. Existem dois problemas no país atualmente, o antipetismo e o petismo cego, ambos maléficos para a esquerda. O PSol tem projeto de governo, assim como o PT, a diferença é que um está mais para a esquerda enquanto o outro mais ao centro. O PT se tornou um partido grande, tomou o poder e por fazer parte do sistema teve que abrir mão de algumas ideologias e radicalismo ( não é uma critica, mas uma constatação). O PSol ainda está ganhando seu espaço, construindo sua identidade perante as camadas populares e seria hipocrisia abrir mão dela e tirar vantagem da popularidade de Lula. Eles querem lançar seu candidato e por isso não pretendem apoiar o PT nesse momento. Por que os petistas tem tanta dificuldade em entender sendo que já passaram por isso? Não é o PSol que divide a esquerda, é a própria esquerda que se perde em um monte de ideologias e se digladiam entre si, mesmo dentro do próprio partido. Num suposto segundo turno entre Lula e algum candidato da direita tenho certeza que apoiaremos Lula, mas agora não e não há mal nenhum num partido querer ter seu candidato e seu projeto próprio. Quanto ao Freixo não ter falado sobre ele é porque não lhe foi perguntado e isso foi proposital, pois era essa a intenção da mídia e caíram direitinho. O PSol tem plena consciência de que não conseguirá eleger seu candidato e nem é essa a intenção.
    Só para terminar, eu não sou petista, mas sou lulista e votarei nele num segundo turno, mas acredito que está na hora de renovar e colocar projetos que estão mais à esquerda, quem sabe assim consigamos um dia mudar esse neoliberalismo imposto

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    1. Eu adoro os Piçolminions como vc atribuindo o velho espantalho dos Taís adoradores de Lula. Este sim fez e fará pelo Brasil, já a sua turma...

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