Dúvida sincera sobre a Catalunha, por Gilberto Maringoni

Publicado em seu perfil no Facebook.

Confesso: quanto mais leio, menos consigo formar opinião sobre a independência catalã. 

Deploro e repudio a violência estúpida do governo Rajoy contra os independentistas. Deploro a campanha terrorista que ele e a direita espanhola fizeram nos últimos meses. As cenas vistas hoje em diversas cidades da região merecem condenação mundial.

Dito isso, confesso não entender as razões para a independência de uma região que já tem - dentro do arranjo federativo espanhol - autonomia de governo, de instituições, de língua e de cultura em geral.

A Catalunha não é uma nação oprimida como várias na periferia do mundo. Não é uma Palestina. Não é subjugada a um governo central que a cerceava, como nos tempos do franquismo. Conforma, depois de Madri, a área mais rica da Espanha.

Uma das demandas catalãs é indefensável em um pacto federativo democrático. Trata-se de que, apesar de produzir cerca de 20% do PIB espanhol, recebe de volta menos do que isso. Reclama de subsidiar zonas mais pobres.

É algo que se assemelha aos que, em passado não distante, bradavam pela separação de São Paulo do resto do país. Alegavam que o estado seria uma locomotiva que puxava 22 vagões vazios. Salvo melhor juízo, lembra o movimento "O sul é meu país".

O nacionalismo na periferia do mundo é em geral progressista, anticolonial e antiimperial. Na Europa, sempre foi excludente em relação ao estrangeiro e xenófobo.

A contrariedade ao governo do PP não é também argumento convincente. Talvez a luta contra ele - que é episódica e conjuntural - até se enfraqueça com a saída da região.

Embora a maior parte da esquerda espanhola defenda a independência, não entendi qual a vantagem para os trabalhadores. Os motivos da pauperização e do desemprego na região - aumentados desde 2008 - não estão na manutenção ou não da Catalunha, mas nos programas duríssimos de austeridade emanados de Madri.

Repito: a dúvida é sincera. Não consigo ter uma posição mais acabada sobre essa questão e gostaria de conhecer argumentos de parte a parte.


Gilberto Maringoni é professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC).

3 comentários:

  1. Até onde que eu possa opinar, pelo fato de ser pouco informado de fato sobre o fato histórico, também tenho a mesmo sincera incerteza.

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  2. Quizás este blog de un señor de izquierdas ayude a despejar sus dudas sinceras:
    https://blogs.elconfidencial.com/mundo/de-algeciras-a-estambul/2017-09-29/referendum-cataluna-izquierda-espanola-trabajo-sucio-derecha_1451460/

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  3. "Y si tienen coherencia los izquierdistas que quieren cambiar España y para ello apoyan los partidos secesionistas de Cataluña, cabe concluir que están convencidos de su propia inutilidad. Tienen claro que ellos nunca van a conseguir nada, que todo lo que prometen en las campañas electorales es mentira, que una democracia no puede mejorar gracias al voto de sus ciudadanos, a través de las urnas. Porque si se pudiera, si el sueño de la izquierda española fuese posible, si los partidos pueden luchar por un futuro mejor, el máximo deber sería el de unir fuerzas. Y si, gracias al intrincado sistema de circunscripciones, los 632.000 votos de Esquerra Republicana dan más escaños en el Congreso que el millón de votos de Izquierda Unida, pues se aprovecha y se suman diputados para ese proyecto común que es la República de España.

    Pero parece que Esquerra Republicana no quiere que España sea una república: le parece perfecto que andaluces, gallegos y extremeños sigan en manos de la dinastía borbónica (lo de 'en manos' es un decir: sabemos que lo máximo que la Constitución permite hacer a un rey español sin que antes lo firme el Ejecutivo es ir al baño). Si Cataluña es de izquierdas, y se ausenta, el porcentaje de votos de la derecha en el resto de España necesariamente subirá. Con lo que esa derecha lo tendrá aún más fácil para seguir desmantelando la sanidad y educación de todos. Pero qué importa, con tal de que se salve Cataluña. A los demás, que los zurzan. Y la izquierda española aplaude entusiasta."

    Ese entusiasmo por ser zurcido solo puede fundamentarse en una convicción: todo está perdido, el sueño está enterrado, nunca existirá una España de izquierdas, republicana."

    un fragmento que aclara dudas

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