Reflexões sobre um fim de semana ouvindo muito sectarismo político, por Val Carvalho

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No governo, o PT acabou se limitando a uma governabilidade puramente parlamentar, abandonando a sua estratégia de luta por reformas estruturais, o que exigiria a crescente mobilização da pressão popular sobre o Congresso. Afastando-se da luta de classes e dos movimentos sociais, o PT e seu governo tornaram-se presas fáceis do golpismo da direita quando a crise econômica internacional nos atingiu em cheio ainda no decorrer do primeiro mandato de Dilma. Essa é a principal lição que tiramos de nossa derrota.

Agora, de novo por meio da liderança de Lula e do PT, o povo vai reconstruindo, desde o Nordeste, seu projeto de Nação. Um movimento necessário depois que o governo golpista de Temer jogou o projeto de Nação anterior na lata de lixo, vendendo o país aos gringos e chineses e extinguindo os direitos sociais. As esquerdas críticas do PT não demonstraram forças suficientes para encabeçarem esse processo de luta democrática e popular.

É uma luta estratégica que se faz a partir da tática da constituição de uma Frente Ampla, democrática e popular, para se derrotar o Golpe e a ditadura econômica neoliberal. Uma Frente Ampla capaz de atrair o Centro para o campo democrático, ou seja, aqueles segmentos da burguesia industrial e das classes médias que foram deslocados para a direita por conta dos efeitos da crise econômica e dos preconceitos contra a ascensão social da base popular e que deram com os “burros n’água”. 

Como sempre acontece no rastro de uma derrota, setores da esquerda, inclusive no PT, manifestam uma visão sectária quanto aos limites da Frente antigolpista, imaginando para já um cenário de confronto estratégico, revolucionário, sem que o povo atenda ao chamado. É a repetição de vanguardismos revolucionários que já ocorreram no passado. Diante do magnífico exemplo prático da Caravana de Lula pelo Nordeste, com o povo engajado e disposto a lutar pela volta de da democracia, simbolizada no apoio a Lula, acredito que a tendência no meio das esquerdas será de mais realismo político e menos devaneios.


Val Carvalho é militante histórico do Partido dos Trabalhadores (PT).

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