Do erro de se analisar os processos de uma nação pelo aspecto moralista, por Assis Ribeiro

Publicado no Jornal GGN.


O moralismo favorece o maniqueísmo tupiniquim da classe média brasileira que termina por parir personagens intitulados defensores da pátria e do outro lado a  legião de elementos do mal.

Moro, Bolsonaro e Doria, cada um à sua maneira, representam essa caraterística.

Moro, com o seu modo arrogante de atuar promove um justiciamento que manifesta até mesmo o Supremo Tribunal Federal e que deixa perplexo o mundo jurídico. É o próprio estilo, já conhecido e reprovado, "Caçador de Marajás".

Bolsonaro, se arvora a ser o solucionador de todos os problemas nacionais como defensor incondicional da moralidade. É o estilo, já conhecido e reprovado, do "Sieg Heil".

Doria, com seu estilo pastinha, meritocrático, como o próprio abençoado menino prodígio, se apresenta como "o novo". É o protótipo do "coxinha". Esse modelo, também conhecido e reprovado, de o virtuoso, o mesmo colocado outrora, pela mídia, em Aécio Neves.

Todas essas posturas estão acompanhadas de um doentio purismo macunaímico que traz o pensar simplista de que resolver os problemas do Brasil pudesse se alcançado com a divisão entre o bem do mal.

Este tipo de pensamento que eles representam faz recrudescer a intolerância, a divisão e a violência na sociedade.

São posicionamentos fechados que impedem o diálogo, o pensamento mais elaborado, por sua base maniqueísta de que um lado é o mal, portanto, que deve ser eliminado.

Esses três padrões representados pela forma-pensamento de  Moro, Bolsonaro e Doria não se sustenta pela incapacidade de se colocar à prova da realidade do que afirmam, e comumente eles passam a serem vistos como paranóicos, como aconteceu com Collor, Hitler e Aécio Neves.

São mentalidades dualistas e consequentemente simplórias que não permitem enxergar a complexidade das relações da coisas e entre as pessoas.

São figuras oportunistas que só aparecem em situações de crises, onde se apresentam como "Salvadores da Pátria".

Se aproveitam de situações-limite, da desesperança, do ódio extremo, ou falta de perspectiva quanto ao futuro.

Seus discursos apresentam soluções mágicas, simplistas, de pouca profundidade.

Deste dualismo, "vale tudo" surge, até mesmo, a violência extrema contra o Mal.

A história relata que nada é tão perigoso quanto a certeza, o dogmatismo, a fé cega ou louca que o moralismo traz.

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