Temer se salva de denúncia na Câmara mas governo ilegítimo segue sangrando por conta da inviabilidade econômica, por Daniel Samam

Publicado originalmente na minha coluna no Brasil 247.


Apesar da pesquisa Ibope, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), apontar que a popularidade de Michel Temer atingiu seu nível mais baixo - com os que que avaliam o governo como ótimo ou bom recuando de 10% dos entrevistados, em março, para apenas 5% em julho, enquanto os que avaliam o governo como ruim ou péssimo sobem de 55% para 70% -, Temer conseguiu se recompor minimamente, reaglutinar forças e apoios ao ponto de ter como certo que irá barrar a denúncia de corrupção passiva na Câmara. Mas, em contrapartida, Temer pode ser derrubado pelos altos custos desse esforço por sobrevivência. 

A aliança antinacional (formada pela Rede Globo e por setores da burocracia estatal como o MP, a PF e setores do Judiciário) deseja se livrar de Temer desde maio, no episódio do vazamento dos áudios de Joesley Batista, da JBS. O que mudou foi o pretexto. Ao invés da corrupção, é a inviabilidade econômica a justificativa apontada nos noticiários televisivos e impressos das Organizações Globo, que jogou luz na barafunda econômica, denunciando o iminente colapso fiscal e que a unidade em torno de Meirelles acabou após o aumento de impostos e por ele não ceder em afrouxar a meta fiscal já deficitária.

Os impressos paulistas, Folha e Estadão, permanecem entre a cruz e a caldeirinha. Já a burguesia paulista começou a se movimentar. Paulo Skaf, presidente da Fiesp, jantou com Temer mas pôs seu pato novamente na rua contra o aumento de impostos. Aliás, a mesma Fiesp conseguiu impedir o fim da política de desonerações através de ação judicial. Por isso o governo ilegítimo recorreu ao aumento de impostos. 

O colapso fiscal bate à nossa porta. Os serviços públicos correm sérios riscos de parar. No entanto, o malabarismo proposto pela equipe econômica do governo ilegítimo não dão conta. 

Acredito que nas próximas semanas o questionamento da inviabilidade econômica do governo ilegítimo e a perda de força da Lava Jato poderá unir o empresariado industrial com a aliança antinacional. A ver.

Já pensando em 2018 (se tiver 2018. Mais à frente eu explico), DEM e PSDB, em encontro entre Maia e Alckmin fecharam acordo pelo enterro da denúncia e a permanência de Temer, que é eleitoralmente mais conveniente a eles. E aproveitam o momento em que não ecoa nada das ruas, pois há um refluxo no movimento de massas e uma depressão cívica arrebatadora na sociedade. Já no campo da direita, os verde-e-amarelos batedores de panelas liderados por Kim Kataguiri, Lobão e Frotas da vida sumiram das ruas e das redes desde que a agenda neoliberal foi aplicada.

Nenhum comentário: