Por que Igrejas Evangélicas? Uma reflexão necessária, por Ricardo Cappelli

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Quem é o maior empregador do Brasil hoje? Acertou quem disse Shoppings Centers. O processo de desindustrialização é avassalador. A participação da indústria no PIB está retornando aos patamares do início do século XX. Somos cada vez mais uma sociedade de serviços. Temos mais de 20 milhões de pessoas ganhando até 1,5 salário mínimo. Salários baixos, baixa qualificação e alta rotatividade. 

Este é o perfil da grande massa de trabalhadores brasileiros. O que pensam? Como dialogar com eles?

Os sindicatos representam uma parcela importante dos trabalhadores. Militantes valorosos se revezam há décadas nestas estruturas. São lugares de debate político e organização fundamentais. 

Mas onde fica a grande massa que atua nos mais variados serviços com alta rotatividade e sem qualquer identidade sindical? Onde ficam os desempregados? E as “donas de casa”, muitas chefes de família? E a juventude da periferia?

Se engana quem imagina que as igrejas evangélicas sejam apenas espaços de pregação religiosa. Elas acolhem desempregados, dependentes químicos, mães desesperadas, transmitem esperança de dias melhores e até arrumam emprego. Tentam recolocar no mercado pessoas excluídas pelo sistema, desiludidas. Algumas prestam todo tipo de serviço no vácuo do poder público. São locais de solidariedade e de acolhimento. Com os espaços públicos deteriorados, se transformaram num espaço de sociabilidade, de encontros. A correria e a dureza do dia a dia afastam. A igreja aproxima. 

Nos sindicatos e nos partidos você ouve orientações e discursos. Nas igrejas é escutado, é visto, conhece pessoas, sua experiência pessoal é reconhecida e valorizada. Todos os problemas são "visíveis" e, na medida do possível, tratados. Não precisa ser trabalhador desta ou daquela empresa, ser sindicalizado, ter esta ou aquela posição ideológica. Vale todo mundo. 

O Rio de Janeiro, principal cartão postal do país, está sendo governado por um Bispo de uma das igrejas mais questionadas. Fenômeno isolado? Acaso? Conquistam corações e mentes, o voto, a contribuição financeira e a militância de seus fiéis é consequência natural. São conservadores em questões comportamentais e progressistas na economia, defendem o Estado porque necessitam dele objetivamente. 

Ao invés de atacar de forma sectária ou tentar negar o papel destas organizações, a esquerda deveria refletir, e até aprender com elas.


Ricardo Cappeli é Jornalista e está Secretário de Representação Institucional do Governo do Estado do Maranhão no Distrito Federal.

Um comentário:

  1. Ótima postagem, concluindo com uma excelente recomendação para a esquerda.

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