O desmonte e a redução do porte da Petrobras, por Roberto Moraes

Publicado originalmente no blog do autor.


A desintegração da Petrobras promovida pela atual direção da estatal está levando a uma redução de seu porte e de sua capacidade de atuação, através da diminuição dos investimentos e da venda dos ativos que fazem parte desta enorme cadeia produtiva.

O objetivo é tornar a Petrobras, como uma empresa concentrada quase que exclusivamente em exploração e produção (E&P). Com porte médio, mas lucrativa aos seus investidores, não se importando com a importância deste setor estratégico ao desenvolvimento nacional.

Esta estratégia leva em conta a visão liberal de um estado mínimo e de entrega das cadeias de valor às grandes corporações mundiais do setor, desconsiderando entre diversas outras questões, o fato da indústria do petróleo e gás ter sido responsável por mais de 13% de nosso PIB e do Brasil ser o 4º maior mercado consumidor de combustíveis automotivos do mundo.

O gráfico abaixo, retirado do 2º Boletim da Conjuntura da Indústria do Petróleo, da EPE Empresa de Pesquisa Energética do MME, mostra a involução dos investimentos da holding Petrobras.

É fato que todas as petroleiras no mundo reduziram seus investimentos com a fase de colapso dos preços do ciclo do petróleo, porém a concentração dos investimentos, no último Plano de Negócios e Gestão da Petrobras (2017-2021), demonstra que a redução não foi proporcional pelas diferentes áreas (exploração e produção; refino e gás natural e demais áreas).

Houve uma concentração excessiva no plano apenas em E&P (62% no PNG de 2013-2017 para 82% no PNG 2017-2021. Esta estratégia leva em consideração o desmonte das demais áreas que vão na linha da desintegração das atividades da holding estatal, dentro do conceito do poço ao posto.

Temos comentado aqui neste espaço (em várias postagens, uma dela aqui) que esta é a forma que as grandes petroleiras têm atuado de forma a que elas possam se movimentar com um setor ampliando os ganhos para compensar outras áreas conforme o preço do petróleo e derivados dentro da variação das duas fases do ciclo.

É preciso se evitar que este processo de desmonte tenha continuidade. As consequências para o país e para a nossa população serão sentidas por décadas, talvez século.

Repito, que este processo de entrega de todo este potencial está sendo feito encima daquilo que foi construído e não sobre incrementos de atividades com sociedade com outras empresas.


Roberto Moraes é Professor e Engenheiro do IFF (ex-CEFET) em Campos dos Goytacazes,RJ. Pesquisador do NEED-IFF.

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