Três pitacos sobre a desatinada conjuntura política nacional, por Daniel Samam

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1) O governo ilegítimo e sem voto de Michel Temer tem a característica principal de ser um governo parlamentar, um semipresidencialismo à brasileira, que vai mobilizar e concentrar todos os esforços (distribuição de cargos e emendas parlamentares, por exemplo) na Câmara para barrar a denúncia - serão necessários 172 votos - apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Mas, a cada dia que passa, Temer perde substância na sua base de lacaios e, consequentemente, perde as condições de governar. Temer partiu para o embate com o procurador-geral, Rodrigo Janot, jogando pesado e bruto para se manter no cargo. Janot também prepara mais duas denúncias contra Temer. Nessa briga eu não tomo posição. Quero a derrota de Temer, mas também quero que se imponha limites aos desmandos e abusos do Ministério Público e do Poder Judiciário que estão se achando os donos do poder.

2) Amanhã (28), no Senado, haverá mais um embate entre as senadoras e os senadores que defendem o Estado Social contra os que defendem o Estado neoliberal e o capital financeiro - esses últimos, a base de sustentação de Temer. Será a votação do relatório da "reforma" trabalhista na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a última comissão antes do plenário. É de suma importância que os senadores comprometidos com a classe trabalhadora ampliem o diálogo com o centro-conservador, no intuito de lograr mais uma vitória contra esse ataque à classe trabalhadora e impor mais uma importante derrota política ao governo ilegítimo e sem voto. Uma nova derrota, agora na CCJ, acende o sinal de alerta para uma real possibilidade da "reforma" trabalhista ser derrotada definitivamente e também para mais uma debandada da base aliada de Temer.

3) A absolvição de Vaccari na 2ª instância (TRF4 - Tribunal Regional Federal da 4ª Região) foi mais uma derrota imposta aos justiceiros e concurseiros alucinados e entreguistas do "califado de Curitiba" (Moro, Dallagnol e cia). Vaccari havia sido condenado por Moro a 15 anos e quatro meses na 1ª instância e segue preso preventivamente, ou seja, cumpre pena antecipadamente. Dos três desembargadores, dois deles – Leandro Paulsen e Victor Luiz dos Santos Laus – votaram contra o voto do relator João Pedro Gebran Neto (amigo de Moro), pois consideraram que as provas do caso não eram suficientes e, mais ainda, se baseavam apenas em delações premiadas, que não servem como prova. Tendo em vista que o justiceiro Moro também condenará Lula, imagino que quando o caso de Lula chegar na 2ª instância, os desembargadores do TRF4 deveriam seguir na mesma linha que adotaram com o caso de Vaccari, pois no caso do triplex também não há prova alguma senão uma declaração do empreiteiro da OAS, Léo Pinheiro, de que o apartamento estaria “reservado” para Lula e nada mais.


Abraços, 
Daniel Samam

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