Sobre a laicidade do Estado, Crivella, Dom Orani, evangélicos, católicos e o debate rasteiro pautado pela moral

Ontem (18), Dom Orani, Cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, visitou a Prefeitura do Rio de Janeiro com a imagem de São Sebastião. Foi recebido pelo prefeito Marcelo Crivella e realizou uma celebração religiosa, uma missa, com a presença do próprio prefeito e funcionários.

A missa realizada na Prefeitura foi noticiada em todos os jornais e, no entanto, não vi uma crítica sequer dos vorazes militantes em prol da laicidade do Estado em relação à celebração católica. Mas, ao contrário, se tivesse ocorrido um culto evangélico na sede da Prefeitura, não tenho a menor dúvida que o Facebook estaria infestado de críticas e de gritas ao "prefeito bispo", de denúncias dos "fundamentalistas" e de "defesas" do Estado laico.

Acho que muitos confundem uma legítima e necessária oposição política à Crivella, da qual eu apoio e pratico inteiramente, com uma perseguição aos evangélicos, em especial ao segmento dos neopentecostais. Um enorme erro estratégico, diga-se. Simplesmente porque a disputa política deste segmento do voto popular deve ser travada exclusivamente no campo da política e não no campo da moral e dos costumes.

A moral conservadora é fruto da hegemonia de classe e não o contrário. Pra mim, parece que sobra vontade e valentia para brigar com os bispos evangélicos e falta coragem e vontade de bater de frente com a poderosa Igreja Católica.

Como diria Sartre: "o inferno são os outros".

Abraços, 
Daniel Samam

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