"Quero prévias: um movimento para abrir as portas da política", por Theo Rodrigues


Construir coletivamente a unidade em torno de um programa democrático para as eleições de 2018. Esse é o objetivo que milhares de pessoas reunidas no movimento “Quero prévias” apresentarão publicamente nesta terça-feira, dia 8 de novembro.

A ideia é reunir partidos, movimentos, coletivos e as mais diversas organizações da sociedade civil, ao longo de 2017, num grande debate público que não apenas formule um programa, mas que também possa indicar um ou mais nomes com legitimidade social  para enfrentar as eleições presidenciais de 2018.

Afinal de contas, de nada adianta um excelente programa sem um candidato que o vocalize, ou um ótimo candidato sem um programa que o sustente.

De acordo com as próprias palavras do “Quero prévias”, “o objetivo é contribuir com a reorganização das forças comprometidas com a democracia e a garantia de direitos, e assegurar a construção de um programa de governo que dispute as eleições presidenciais de 2018 e apoie o surgimento de novas lideranças nos processos eleitorais estaduais e municipais”.

O pressuposto é o de que o programa e o candidato escolhido nessas prévias terão uma sustentação social muito maior do que se a decisão tivesse sido tomada apenas por um conjunto de burocracias partidárias.

Contudo, sua importância vai além disso. Mais do que qualificar a própria escolha dos candidatos e programas, as prévias podem aproximar a sociedade dos partidos políticos, fortalecendo-os. E não é justamente isso o que mais precisamos?

Esse movimento vem sendo estimulado por muitas figuras públicas, como a economista Laura Carvalho, a ativista do Meu Rio, Alessandra Orofino e o cientista político Marcos Nobre, dentre tantos outros.

Há ali uma clara identificação com o que vem ocorrendo na Espanha com o Podemos, por exemplo. Isso fica nítido quando observamos a fuga de rótulos como “esquerda” ou “progressista”.

Como diz Pablo Iglesias, líder do Podemos, “nossa organização não é de esquerda, nem de direita, mas sim de baixo”. Essa é a mesma lógica que move o Occupy Wall Street com sua palavra de ordem “nós somos os 99%”. O “Quero Prévias” provavelmente se sentiria bem com essa formulação.

Ademais, um bom conteúdo define melhor que muitos rótulos. Diga-se de passagem, não é pouca coisa falar em ideias-força como democracia, igualdade e direitos nos dias de hoje no Brasil. Tudo isso já exprime muito bem o lugar de fala desse movimento.

Em tempos de criminalização da política e de engessamento de formas e estruturas, um movimento que pretende abrir as portas dos partidos para a participação social já nasce vitorioso.

Que venham as prévias!

Theo Rodrigues é sociólogo, cientista político e coordenador do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé no Rio de Janeiro.

Leia abaixo o manifesto do movimento na íntegra ou clique aqui:

Manifesto Quero Prévias 2018


Estamos de prontidão! Em todo o Brasil, nas ruas e nos espaços virtuais, coletivos se formam, atos e marchas são convocados e milhares de ocupações constroem a resistência. Se nunca nos faltou disposição para agir, esta energia cresce e se alastra na base da sociedade. A resposta à perda de direitos e as deficiências da democracia brasileira só pode ser mais democracia, direitos e igualdade! 
Queremos contribuir com a reorganização das forças comprometidas com essa agenda e assegurar a construção de um programa de governo que dispute as eleições presidenciais de 2018 e apoie o surgimento de novas lideranças nos processos eleitorais estaduais e municipais. Se as eleições não são tudo, são um momento decisivo da disputa política, o que torna as Prévias um caminho para que bases democráticas, inquietas e criativas da sociedade encontrem canais para formular e dar vazão a suas propostas. 
As Prévias serão um espaço comum de diálogo no qual diversos atores sociais poderão escutar uns aos outros, apresentando análises e propostas e debatendo seus potenciais e limitações. Sem abrir mão da pluralidade de pensamentos e iniciativas, este processo pretende apoiar a busca por convergências que produzam um programa de transformação social para o Brasil. 
Sabemos que não há tempo a perder e que o aprofundamento da democracia exigirá a participação franca e aberta no debate público, evitando a dispersão e buscando a maior colaboração possível. Uma agenda que amplie a igualdade, os direitos e a própria noção de democracia chegará mais forte às eleições à medida que for debatida nas Prévias: sem vetos, sem preconceitos e sem imposições. 
Por mais democracia, direitos e igualdade e por um processo que dê voz às várias vozes, QUEREMOS PRÉVIAS!

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