A bem da verdade, por Breno Altman
No auge dos governos petistas, e mesmo além, não eram poucos os dirigentes e militantes do partido a olhar com desdém para a Venezuela.
Claro, a posição comum sempre foi de solidariedade ao chavismo, e isso era o que mais importava. Mas corria solta a opinião de que essa corrente era demasiadamente radicalizada e inconsistente, conduzindo o processo político para o isolamento e a derrota.
No ponto de vista de quem assim pensava, inteligente e sólida era a estratégia petista, capaz de promover mudanças sem provocar conflitos e rupturas, durante certo tempo até sob aplausos das elites mundiais, ao contrário da Venezuela chavista.
O fato é que esta estratégia tão sabia foi brutalmente derrotada e o governo petista foi para o chão, pois fomos incapazes de prever e nos prepararmos para o enfrentamento que sobreveio.
Os chavistas, enquanto isso, apesar de uma situação econômica dez vezes pior, do incessante cerco imperialista e de seus próprios erros, seguem de pé, governando e lutando implacavelmente.
Ao longo do tempo, com uma política para a qual próceres petistas torciam o nariz, o chavismo construiu uma estrutura autônoma de poder, que lhes permite continuar na direção do Estado mesmo sem ter maioria parlamentar.
Quem merecia, afinal, um certo olhar de desdém, de um ponto de vista histórico?
A conciliação petista, com suas belezas e promessas do período áureo, ou o antagonismo chavista, com seus erros e trapalhadas?
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