99º aniversário da Revolução Soviética, por Breno Altman


Apesar de ter ocorrido em um 7 de novembro do calendário gregoriano, que hoje predomina no mundo, também a conhecemos por Revolução de Outubro, pois vigia na Rússia, então, o calendário juliano, com dez dias a mais.

Também é chamada de Revolução Russa, ainda que tenha sacudido o território de todo o império tzarista, dando origem, em 1922, à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, uma federação de vários Estados associados.

Por conta do instrumento específico de organização do povo e dos trabalhadores nesse processo, outro de seus apelidos é Revolução Soviética: os sovietes, a palavra russa para conselhos, representavam o novo sistema político emergente, aglutinando operários, camponeses e soldados desde seus locais de trabalho e moradia até os centros de comando da nação.

Pela natureza de seu programa e seu caráter de classe, a revolução também foi socialista e proletária: pela primeira vez na história os trabalhadores tomavam o poder, dando início à construção da primeira sociedade anticapitalista.

Trata-se do maior evento político-social do século XX - a própria razão de ser do século passado, segundo historiadores como o britânico Eric Hobsbawn.

O mundo se dividiu a partir desta revolução dirigida pelo líder bolchevique Vladimir Illitch Ulianov, também conhecido por Lenin, seu nome de guerra na clandestinidade tzarista.

A contradição entre socialismo e capitalismo, a grande saga depois da consolidação da burguesia como classe dominante, passou a estar vertebrada pelo primeiro Estado operário, a pátria dos sovietes, a União Soviética.

Durante mais de setenta anos, foi a fortaleza que permitiu a vitoria sobre o nazi-fascismo, a expansão dos diretos sociais na Europa capitalista, a libertação dos povos colonizados e o triunfo de outras revoluções socialistas, como a da China ou a de Cuba.

Também foi, internamente, desde os primórdios da história contemporânea, a experiência mais avançada de legislação trabalhista, universalização de educação e saúde, elevação do padrão cultural, conquista de direitos civis, entre os quais o divórcio e o aborto.

Cercada por inimigos poderosos, que a invadiram por duas vezes e a sabotaram durante toda sua existência, a URSS foi conduzida por uma direção revolucionária, encarnada pelo Partido Bolchevique, logo renomeado Partido Comunista, que tomou decisões duríssimas e polêmicas, muitas das quais repletas de erros e até crimes.

Nos trinta anos finais de sua existência, esses erros e crimes foram ceifando sua vitalidade, retirando-lhe capacidade de auto-reforma e cultivando, em seu próprio interior, forças burocráticas e contra-revolucionárias que acabariam liderando sua desintegração, formalizada em 1991.

Mas a Revolução Soviética, que hoje chega aos seus 99 anos, com seus acertos e equívocos, com seu heroísmo e seus deslizes, com sua pujança e seus limites, continua a ser o maior legado histórico da classe trabalhadora.

Viva a Revolução Soviética, socialista e proletária!

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