Para os(as) Ministros(as) do Supremo Tribunal Federal

Há algumas semanas, quase todos(as) os(as) ministros(as) do Supremo Tribunal Federal (STF) foram à imprensa explicar que este processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff não se trata de um golpe de Estado. 

Pois bem, seguindo a mesma lógica, venho propor que os(as) ministros(as) Rosa Weber, Cármen Lúcia Antunes Rocha, Luiz Fux, Marco Aurélio Mello, Celso de Mello, Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso e Teori Zavascki venham novamente à público, mas para explicar ao país e à sociedade sobre o acordão que foi escancarado com o vazamento das conversas entre o senador e agora ex-ministro interino e golpista Romero Jucá e o ex-presidenteSérgio Machado, da Transpetro, quando se falava no STF e em seus ministros(as). 

Destaco dois trechos importantes e incontestáveis, proferidos pelo senador Jucá: 

- "É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional... Com o Supremo, com tudo..." 

- "...Conversei ontem com alguns ministros do Supremo. Os caras dizem 'ó, só tem condições de [inaudível] sem ela [Dilma]. Enquanto ela estiver ali, a imprensa, os caras querem tirar ela, essa porra não vai parar nunca'. Entendeu? Então... Estou conversando com os generais, comandantes militares. Está tudo tranquilo, os caras dizem que vão garantir."

Um suposto conluio entre os militares e os membros do STF no apoio de perpetrar um golpe contra uma presidenta eleita nos termos do que há de mais soberano em uma democracia, que é o voto popular, extrapola todos os limites e expõe o risco iminente que a democracia brasileira vem correndo no atual período histórico. 

O povo brasileiro - trabalhadores(as) em geral, juventude, intelectuais de todas as áreas - que não se esqueceram e os que não viveram, mas compreendem o que foi o longo período de ditadura militar em nosso país, não podem, de maneira alguma, ficarem calados diante de tamanho escândalo, de tamanho escárnio. 

Sinceramente, espero e exijo que todos os membros do STF se posicionem e prestem contas à sociedade brasileira ou, do contrário, estarão referendando todo o conteúdo das conversas gravadas e vazadas, colocando um ponto final no mais longo período de ordem democrática na História do Brasil. 

E, de pronto, deixo aqui uma sugestão: na minha opinião, só há uma saída plausível: a anulação do processo de impeachment estabelecido, comprovadamente, com desvio de finalidade.

Abraços,
Daniel Samam 

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