O interino Temer terceiriza o governo golpista e ilegítimo: Cunha é quem dá as cartas


Mesmo afastado da presidência da Câmara pelo STF, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) parece cobrar do presidente interino Michel Temer (PMDB) a fatura pela aprovação da admissibilidade do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

Na quarta-feira (18), foi confirmado o nome de André Moura (PSC-SE) para a liderança do governo na Câmara. Moura é um dos capachos e asseclas que tentam evitar a cassação de Cunha no Conselho de Ética da Casa e sua indicação tem o apoio de um bloco parlamentar que reúne 225 deputados de 12 partidos do chamado "centrão".

Criado nesta quarta, o "centrão" deve dar sustentação às medidas econômicas do governo, estabelecidas como prioridades pelo golpista e usurpador, Temer. Sem o bloco de apoio, o interino não teria como fazer passar diversos projetos que precisam de aprovação do Congresso. 

Após ser confirmado, Moura negou de forma veemente que tenha sido indicado por Cunha. Vale informar que Moura é réu em três ações penais no STF por desvio de recursos públicos. Contra o deputado também pesa uma suspeita de tentativa de assassinato contra um ex-aliado que virou seu inimigo político.

Postos estratégicos do (des)governo interino e golpista também foram ocupados por aliados de Cunha. Por exemplo, o advogado Gustavo do Vale Rocha foi nomeado por Temer para o cargo de subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência da República. Integrante do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Rocha já defendeu Cunha no STF. Em 2015, ao ser sabatinado no Senado, confirmou que advogava para Cunha, mas disse que o fazia apenas em ações privadas, sem relação com o MP.

Já a Secretaria de Governo, ocupada por Geddel Vieira Lima, terá como chefe de gabinete Carlos Henrique Sobral, que até poucos dias atrás era assessor especial de Eduardo Cunha na presidência da Câmara.

O jornalista Laerte Rímoli, cotado para assumir a presidência da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), também assessorou Cunha na Câmara. Ele trabalhou no gabinete do peemedebista e foi um dos designados a conduzir a TV Câmara com mãos de ferro. Nas eleições de 2014, Rímoli foi coordenador de comunicação da campanha do senador arruaceiro, Aécio Neves (PSDB-MG), à presidência.

Por fim, o Ministério da Justiça também foi ocupado por um aliado de Cunha que, assim como Gustavo do Vale Rocha, já advogou para o peemedebista. Em 2014, Alexandre de Moraes conseguiu que Cunha fosse absolvido no STF em uma ação por uso de documento falso. Antes de assumir a pasta da Justiça, Moraes chegou a ser cotado para a Advocacia-Geral da União (AGU) após lobby comandado por Cunha.

Na própria Câmara, a influência de Cunha parece não ter fim. Ele conseguiu esvaziar quase todas as sessões que seriam presididas pelo primeiro-vice-presidente, Waldir Maranhão (PP-MA). Nada foi votado desde que ele deixou o cargo, no dia 5 de maio. A primeira sessão de Maranhão, na terça (17), foi de embates com os golpistas do PSDB e DEM exigindo sua saída e o acusando de ser "fantoche" de Cunha. Maranhão tem repetido que não renunciará e se apoia numa coalizão de partidos do chamado "centrão", que buscam destaque no (des)governo golpista Temer, para dizer que fica onde está.

Nesta semana, o deputado Arthur Lira (PP-AL), outro capacho de Cunha e também investigado pela Lava Jato, foi escolhido para presidir uma das principais comissões do Congresso Nacional, a Mista de Orçamento. Depois de mais essa vitória, Cunha luta para emplacar outros de seus fiéis seguidores na presidência da Casa, caso derrubem Maranhão e o cargo de presidente da Casa seja considerado vago e seja necessário realizar uma eleição para um mandato "tampão". As funções seriam disputadas por dois asseclas: Rogério Rosso (PSD-DF) e Jovair Arantes (PTB-GO). 

Cunha fez pouco caso da decisão do STF que o afastou do mandato de deputado federal, ao ter dito hoje (19), na saída do Conselho de Ética da Casa, onde foi apresentar sua defesa, que voltará ao poder. "Na segunda-feira estarei no meu gabinete", anunciou o magano. O STF é o grande responsável por isso, pois ao afastar Cunha, o deixou livre para poder atuar e operar nos bastidores.

Abraços,
Daniel Samam

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