UNIDA, A ESQUERDA AINDA PODE DERROTAR O GOLPISMO


O resultado da reunião do diretório nacional do PMDB sanciona a adesão do centro conservador ao golpe em curso no país. A esquerda está sozinha, mas não está isolada: 2016 não será 1964.

Isso porquê, na vigência da constituição de 1988, o peso dos setores populares experimentou um crescimento sem paralelo: os partidos de esquerda aumentaram suas bancadas, os sindicatos cresceram em influência e os movimentos sociais arregimentaram levas de excluídos, no campo e cidades. No plano da cultura, coletivos formados por jovens arejaram o panorama da produção das artes.

Trata-se uma força política capaz de mobilizar multidões e impossível de ser ignorada. Unida, essa esquerda poderá realizar uma façanha inédita na vida pública brasileira: derrotar o golpismo e sustentar a democracia. Fragmentada, sem entender que não se trata de apoiar o governo de Dilma (passível de muitas críticas), mas sim de dar sustentação à legalidade, a esquerda vira linha auxiliar da direita.

A ruptura institucional, ao contrário da percepção de alguns, não adotará a identidade de uma ditadura. Irá se apresentar sob a máscara de uma de uma democracia de fachada. Sob a aparência de Estado de direito, os direitos e garantias individuais sofrerão cancelamento.

Que ninguém se engane, a vitória da aliança entre Temer, Cunha e Serra – em torno das teses do programa Ponte para o Futuro – significará, necessariamente: o fim da política de valorização do salário mínimo, a intervenção nas entidades sindicais mais combativas, a criminalização dos movimentos sociais, o retorno do financiamento privado de campanhas eleitorais, o ataque aos direitos trabalhistas e o aumento da desnacionalização da economia, entre outras medidas de exceção.

Diante da escalada do arbítrio não existe neutralidade. Apoiar propostas diversionistas como o chamado recall ou ainda a convocação de eleições gerais é simplesmente se omitir – como fazem setores da Rede e do PSOL – ajudando a consolidar o bombardeio de saturação das grandes mídias monopolistas sobre a opinião pública.

É necessário engajar todo o povo nos processos de resistência ao golpe mas, principalmente, a representação das favelas e periferias na defesa do regime que mais convém à luta de classes nos marcos do capitalismo: o da democracia política.

Não vai ter golpe!
Todos(as) à manifestação do dia 31/03!!!

Marcelo Barbosa é advogado e diretor-coordenador do Instituto Casa Grande (ICG)
Kadu Machado é jornalista, editor do jornal Algo a Dizer
Daniel Samam é músico, educador e coordenador do Núcleo Celso Furtado do PT-RJ.

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