Nelson Teich: A aparência não engana, por Sérgio Batalha


O novo ministro da saúde de Bolsonaro tem uma aparência de vampiro, chega a ser engraçado de tão óbvio. Ontem, na entrevista coletiva, os repórteres fotográficos fizeram a festa com várias fotos em que ele aparece com expressões esquisitas.

Depois da entrevista, a constatação foi a de que, no caso de Teich, a aparência não engana. Ele tentou minimizar os efeitos da pandemia, descartou a testagem em massa e chegou ao ápice da canalhice quando afirmou que o Brasil estaria “performando” melhor do que a Alemanha.

No português pobre e colonizado do ministro isto significaria que o nosso desempenho diante da pandemia seria melhor do que o dos alemães. Seria como o Felipão dizer que a nossa Seleção “performou” melhor que a alemã até tomar o primeiro gol.

O ministro pode ser feio, mas não é idiota. Ele sabe perfeitamente que a falta de testes no Brasil provoca uma subnotificação de casos e que a evolução da doença está camuflada por esta questão.

E o que ele faz como ministro da saúde? Descarta a testagem em massa, flexibiliza a quarentena e procura enganar a opinião pública com números que ele sabem ser distorcidos, seja pela subnotificação, seja pelo estágio inicial da doença no Brasil. Conde Drácula não faria algo pior.

Na verdade, Nelson Teich foi escolhido para não dar certo, ao menos do ponto de vista da população. Não conhece o SUS, nunca foi gestor no sistema público de saúde, ao contrário de Mandetta. É um empresário da saúde privada, mais do que um médico. Sua formação após a faculdade foi centrada nos aspectos negociais da medicina privada. Em resumo, sua especialidade é ganhar dinheiro gerindo hospitais privados.

Teich participou da campanha de Bolsonaro, representando um grupo de empresários paulistas, e talvez fosse desde o início a escolha de Bolsonaro para o Ministério da Saúde. Mandetta foi nomeado para atrair o DEM para a base parlamentar do governo, em uma negociação com o Centrão.

Tornou-se o melhor ministro do governo simplesmente porque era o único que buscava implementar uma política pública em favor da população. Todos os demais pensam apenas em participar da guerra ideológica comandada por Bolsonaro.

Assim, o vampiro Teich é bem-vindo à família monstro, ou melhor, ao Ministério de Bolsonaro. Será um bom gestor de uma política de morte e desinformação.
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Sérgio Batalha é advogado, professor universitário, especialista em relações de trabalho, além de conselheiro e presidente da Comissão da Justiça do Trabalho da OAB-RJ.

Um comentário:

  1. Esse vampiro é especialista em câncer? Deve sugar o sangue do SUS vendendo tratamentos para câncer.

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