Não basta combater o bolsonarismo, é preciso detê-lo com a verdade, por Cristiano Lima


O bolsonarismo se impregnou Brasil a dentro, levando seu discurso encapado por um conservadorismo exacerbado, vinculado à pregação de um justiceirismo leviano. Oferecendo como carro-chefe de campanha uma proposta que explicitamente “oportunizava” ao cidadão empunhar uma arma e fazer justiça com as próprias mãos, Bolsonaro implicitamente declarava a falência das forças de segurança pública. Ao mesmo tempo atacava os direitos humanos, deturpando e criminalizando os direitos garantidos pela Constituição Federal de 1988 à todo homem e mulher.  

As fake news, combustível fóssil da campanha bolsonarista, propagou-se muito rapidamente através  das redes sociais, buscando alcançar alvos específicos. O bolsonarismo não se apoia em um alicerce em prol de politicas sociais e desenvolvimento humano, pelo contrário, ele vem para desmontar todo o apoio para o crescimento do país e manutenção de sua autonomia. O desmonte é generalizado e rápido. Perde o país e, claro, o povo. Os efeitos desta ideologia catastrófica já são sentidas em todas as cidades do país: desemprego, crescimento da informalidade, fome, miséria e violência tem ganhado ascensão.

A ideologia bolsonarista tenta caracterizar a figura do falso herói, do salvador, caçador armado até os dentes. Uma espécie de aberração, onde se mistura a figura montada de cristão (falso) com um estimulador do ódio e da política armamentista. Destoa, discorda e assombra até mesmo os clássicos neoliberais. 

Para derrotarmos o bolsonarismo é preciso entender que ele é uma farsa. Sim, farsa esta que se tornou uma cruel realidade. Não podemos afirmar que Bolsonaro ascendeu, somente, através de um discurso anticorrupção. Decididamente não! Bolsonaro é fruto de uma sociedade avessa aos direitos humanos, calcada na exploração e no preconceito. Perversa e cruel de fato. É este segmento que dá forças ao bolsonarismo. Colocá-los todos no mesmo grupo, chamando de cegos ou gados é desprezar  a própria história do Brasil. Não são os mesmos rostos, mas têm a mesma cara e as mesmas falas daqueles que pediam a ditadura, levantavam faixas e cartazes exaltando os EUA, gritando que o Brasil não seria uma nova Cuba. Hoje, mais de meio século depois, continuam a exaltar os EUA e dizem que não seremos uma Venezuela...

Para combater os resultados da política bolsonarista precisamos nos organizar e ir às ruas. É nas ruas que evitaremos o entreguismo, o avanço do desmonte social e toda a violência contra a democracia.

Mas ainda não é o suficiente, precisamos também deter, acabar com o bolsonarismo, e isto talvez seja bem mais trabalhoso, porém não impossível. Bolsonaro venceu, mas não parou com sua estratégia  dos tempos de campanha. A produção em massa de fake news segue, ainda, em escala fabril, alimentando principalmente um grupo que podemos nomear como “os enganados”.

Afinal, nem todo aquele que digitou 17 no dia 28 de outubro de 2018, deve ser considerado fascista. É nesse grupo que devemos trabalhar incansavelmente, levando a verdade, desmentindo, desconstruindo as fake news. Precisamos conhecer o que os bolsonaristas produzem e desmentir.

Por mais estapafúrdia, surreal, violenta ao mínimo de racionalidade, devemos desmentir, propagando a verdade. O bolsonarismo é destrutivo ao país  e seu ponto fraco é a verdade, o conhecimento, e a liberdade.
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Cristiano Lima é Educador, graduando em Geografia pela UERJ/CEDERJ e Escritor.

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