Falar de novo de flores, por José do Nascimento Junior


Essa semana vivemos o 14 de Julho, 230 anos da Revolução Francesa, já lembrei essa data em outro escrito nesse ano.  O tema da sua importância seus valores que são fundamentais para construirmos um pensamento de convivência sem barbárie. Contudo não mergulharmos nessa inspiração sem de fato criarmos as condições que efetivem esses valores, que nos estimula.

Termos um pensamento crítico sobre a nossa realidade é fundamental para avançar para mudanças, e assim concretizar na teia da vida as relações sociais de seus desdobramentos e de suas influencias e de seus impulsos. Esse é um componente que deve ser resgatado por todos que tem uma reflexão no campo das relações humanas como forma de convivência com suas diversidades, das transformações sociais e do estimulo ao pensamento crítico.

Isso pressupõe uma disputa de valores, e uma reconstrução do campo esquerda com tendo como referência um profundo diálogo com as realidades sociais, não bastando apenas conceituar, academicamente é necessário ir para além disso, para além dos campos de atuação política formais, nos jogarmos na política não institucional, e sim nas relações sociais profundas construtoras de valores.

Entendendo e dialogando com a realidade de quem está a margem dessas relações sociais formais, sem acesso ao trabalho, a educação, a saúde, a moradia, a cultura, a justiça social, ou seja, para aqueles que o conceito de ser cidadão não é algo tão claro, constituindo como utopias rastejantes ou Distopias. Ao contrário do processo revolucionário francês cujo boa parte da população já tinha claro o sentido ser cidadão ao ponto de usar como prenome de chamamento esse conceito.

A queda do muro de Berlim serviu como símbolo, da derrota dos valores propostos pelo humanismo socialista como a solidariedade a igualdade de oportunidades, valores não se renovaram, esse episódio teve esse entendido inclusive pela por parte da esquerda.

E da consequente vitória dos valores propostos pelo capitalismo, como individualismo, a uberização das pessoas e das relações sociais, e a desconstrução da política como espaço de ações coletivas. Esse cenário constituiu-se como espaço para construção do pensamento neofacista que tem nos valores autoritários seus alicerces. O autoritarismo surge quando as condições de convivência social vão se diluindo e o tecido social se esgarça.

As desilusões se alicerçam os pensamentos de caráter autoritário a exemplo do ocorrido durante o período República de Weimar na Alemanha, e o que podemos fazer um paralelo ao período do governo Lula no caso brasileiro até o período atual.

Viemos um momento socialmente muito melancólico de resgate das utopias, na busca de energias que nos façam mudar a realidade e trazendo de novo o componente de solidariedade social, de humanismo como elemento que alicerçam as relações sociais.

O Importante é saber que todos os anos temos primaveras “pra não dizer que não falei de flores”.
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José do Nascimento Junior é Cientista Social Antropólogo, Doutorando em Museologia e Patrimônio.

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